sábado, 19 de maio de 2007

Cásper comemora 60 anos escorregando

Por trás de um cartaz tem sempre um fundo de verdade

Hoje (17/05) foi aniversário de sessenta anos da Cásper Líbero. Você não sabia? É, nem nós. Pra comemorar essa data “robusta” a Direção soltou um comunicado (perceberam como mudaram os comunicados depois que o Wellington assumiu a Vice Diretoria? Quando só Tereza acumulava as funções uma linha por ano era surpresa...) dizendo que “não queremos ser o velho cujo corpo foi palco de uma mocidade criadora, e hoje nada é. Queremos sim, continuar sendo”. Tá certo que velhice jamais foi sinal de estagnação ou acomodação (vejam os exemplos de Oscar Niemeyer, Tom Zé, Aziz Ab’Sáber, Plínio de Arruda, Manoel de Oliveira, etc etc), mas deixemos de lado o texto, pois o pior estava por vir.

No canto superior direito das lousas, em todas as salas, havia um cartaz branco. Nele estava escrito algo como “hoje é aniversário de 60 anos da Faculdade. Mas não adianta se animar, você vai ter aula do mesmo jeito”! Sim, estava escrito isso. E não, não foi o CA, não foi a chapa Mal Educados, não foi algum aluno brincalhão quem escreveu. Foi a própria Direção!

Numa tacada só o cartaz mostra a visão que a Direção da Faculdade tem dos alunos, dos professores, das aulas, do modelo de ensino que ela oferece (e comemora). Os alunos, um bando de desinteressados, querem tudo menos ver aulas. Para eles um feriado é um alívio, a aula um sofrimento. Os professores então não poderiam sofrer maior desrespeito: suas aulas são um fardo, motivo para “se animar” é saber que elas não vão acontecer. Conclui-se que o ensino não se dá na Faculdade, na sala de aula. Aprender se aprende nos estágios, no mercado de trabalho. Os quatros anos passados aqui servem apenas para a obtenção de um diploma de grife.

“Queremos continuar a projetar o futuro”, dizia o comunicado. Que o ideal da atual Direção sempre foi buscar um futuro não com estudantes mas sim com clientes, sem debates de opinião, sem participação da comunidade acadêmica na gestão da Faculdade, todos sabem, isso ficou mais do que claro nas últimas eleições, nas quais Tereza foi reeleita sem jamais apresentar uma só proposta. Agora o que surpreende é vislumbrar que a concepção educacional de Tereza vai mais além do que uma gestão truculenta e antidemocrática, fica claro que o que ela realmente afirma com essa “homenagem” é que a Cásper Líbero é de fato apenas uma vendedora de diplomas a prestações, que de fato não valoriza o conhecimento que se produz e se difunde nas salas de aula através da interação professor/aluno, que o ínfimo incentivo à pesquisa e a inexistência de extensão não são meros acasos, estas são apenas mercadorias mais difíceis de vender.

Em época de campanha eleitoral para o Centro Acadêmico, a Direção não poderia inventar melhor argumento para justificar o Mal Educados que batiza nossa nova chapa do que esses cartazes que expõem de maneira tão clara e objetiva o modo como aqui se encara a educação. Poderia, talvez, tê-lo feito de forma menos mal educada...

3 comentários:

Anônimo disse...

Que falta de senso de humor!

Pelo número de alunos que eu vejo conversando nos corredores da Cásper, eu posso imaginar o tamanho do interesse que eles têm nas aulas...

Anônimo disse...

Achar defeito em tudo é muito fácil. Quero ver se com a eleição da chapa vocês se organizarão para representar de fato os estudantes para melhores condições de ensino e relacionamento na faculdade.
Cuidado para não acabar levando coisas banais muito a serio senao a própria chapa corre o risco de não ser encarada com seriedade.

Anônimo disse...

Conrad, em nenhum momento nossa chapa se coloca como REPRESENTANTE dos estudantes. O CA é INSTRUMENTO dos estudantes, ele só funciona com a participação destes para que juntos tentemos aões para, por exemplo, melhorar as condições de ensino da faculdade. Enquanto houver essa (cômoda) separação entre "representantes" e "representados" sem dúvida que esse objetivo esta distante...
Bárbara, senso de humor não se estende a piadas de mau gosto. Se o interesse nas aulas é pequeno mto disso passa pela concepção de ensino que a direção "deixa escapar" naquele cartaz.