segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

faculdade - nova forma de ver e sentir o mundo

O período que antecede a ida para o Ensino Superior é marcado por muitas expectativas e sonhos. Alguns a vêem como uma forma de conseguir um diploma e, por conseqüência, um bom emprego, outros como um lugar para se fazer amigos e ainda existem aqueles que pensam que ela é um lugar para se estudar. Muitos são os planos e os objetivos a serem alcançados dentro desse espaço, especialmente para quem passou algum tempo no cursinho.

Depois do ritual de iniciação dos "bixos", é chegado o momento das aulas e ai é também o momento de impacto e reflexão: "Mas isso é tão parecido com o colégio, será que é assim mesmo?". Passado algum tempo a resposta para a dúvida acima é sim, é tudo muito parecido; pelo menos na superfície. A partir do contato com os primeiros textos já é possível se descobrir um novo mundo. Alguns podem ir mais a fundo nessa viagem: depende do quanto se quer ir "à base do coelho". Vivenciar a Faculdade é conquistar uma bagagem de experiências que permitem ver as mesmas coisas de antes com um novo olhar.

Ao contrário do que se pensa isso não se conquista apenas pelo estudo solitário, mergulhado nos livros e buscando acumular informações e frases que possam ser citadas em momentos oportunos. Esse novo mundo é conquistado quando há a troca de informações em vários sentidos e níveis, como leitura dos livros indicados e outros que são pegos ao acaso na biblioteca; conversas com professores, amigos e pessoas de outros cursos, participação em grupos, e, é claro, uma, ou algumas, boas noites no bar.

Adquirir uma visão crítica do meio que o cerca, dos processos sociais e de leis que não estão escritas é uma das conseqüências dessas vivências. Porém isso é uma via de mão única, como a pílula vermelha do filme Matrix. Depois de descobrir alguns motivos que tornam a realidade do jeito que a temos, passa a ser difícil conviver com a passividade – começamos a questionar se, no dia-a-dia, não vale a pena passar a ser também autor de nossa própria história, e não mais apenas um ator que recebe o script já pronto dos pais, da escola, da mídia, do trabalho...

Proposta Indecente –Para aqueles que se interessam por discussões, debates, filmes, histórias, conversas sobre a vida e pela busca de uma nova forma de se fazerem as coisas, o Centro Acadêmico Vladimir Herzog é um lugar interessante. Dê uma passada por lá, no 6º andar, e compartilhe suas idéias com o pessoal da chapa vigente, os Mal Educados

polaroid da política interna na cásper

Para se entender a atual conjuntura política da Cásper é necessário voltar um pouco no tempo. A nossa atual Diretora, Tereza Vitalli (TV), era vice de Erasmo Nuzzi, titular da cadeira de taquigrafia (!) e diretor por séculos (com um pequeno intervalo), que só largou o osso por não ter mais saúde pra sustentar seu autoritarismo. TV assumiu, e depois foi reeleita em 2006 como candidata única, numa eleição em que não apresentou NENHUMA proposta nem debateu com os professores que inexplicavelmente nela votaram, nem com os poucos representantes dos estudantes que participam da votação.

Foi Erasmo quem criou, sem consultar ninguém, o curso de Turismo, com intenção de viabilizar a Unicásper (outros vários cursos estavam sendo pensados, sabe-se Deus onde caberiam). Tereza é cria de Nuzzi, tem suas mesmas concepções de educação como mercadoria, onde não há espaço para as necessidades dos estudantes se estas significarem democracia ou diminuição nos lucros da Faculdade. Já se retirou de reuniões batendo o pé por ser contrariada e durante a greve de professores e alunos em 2003 admitiu ter mentido só para ganhar tempo.

A Cásper tem alguns órgãos onde teoricamente se decidiria os rumos da Faculdade: o CTA (Conselho Técnico–Administrativo) e a Congregação. Teoricamente, pois na prática quem decide tudo é a Fundação Cásper Líbero, mantenedora supostamente sem fins lucrativos que acaba de investir VINTE MILHÕES DE DÓLARES na TV Digital da Gazeta. Questiona-se se parte dessa grana vem do BNDES, Bando de Nego Do Ensino Superior, mas isso não se pode saber, já que jamais foram apresentadas em separado as contas da Faculdade e da Fundação pra que saibamos quem sustenta quem.


Pois bem, assim funcionam as decisões na Cásper: a Fundação quer aumentos de mensalidade sempre acima da inflação, que elitizam o perfil dos estudantes e diminuem a relação candidato/vaga – pronto, não tem conversa. A Fundação quer mais alunos por sala, não importa se há espaço físico na Faculdade (e não há!), CTA aprova. Fundação quer um espaço no sexto andar para colocar seu telemarketing, pronto, é seu, adeus lanchonete.


Em nenhum momento as instâncias de decisão da Faculdade têm algum poder de decisão. Isso sem falar que nelas o número de representantes dos estudantes e funcionários é ínfima e suas decisões têm que ser aprovadas pela mantenedora – por exemplo: apesar de haver votação para eleger o Diretor e os Coordenadores, quem escolhe quem ocupará os cargos são a Fundação. Ou seja, mesmo que elas funcionassem não seriam democráticas, muito menos legítimas.


Dentro desse quadro um pouco desanimador, acreditamos que há saídas que não trancar a matrícula ou esperar de cabeça baixa a chegada do diploma pago em 48 vezes com muitos juros. Não há Cásper sem os casperianos, a Faculdade não tem estudantes, ela é dos estudantes. Cabe a nós tomarmos em nossas mãos os rumos da Faculdade e mudar o que nos incomoda, sermos sujeitos de nossas próprias vidas. O Centro Acadêmico está aí não para mostrar caminhos nem dizer o que fazer, ele existe como instrumento para que nos organizemos e, juntos, busquemos que se concretize uma Faculdade onde se formem comunicadores e não comunicados, onde não sejamos só clientes e sim cientes do que acontece ao nosso redor, onde deixemos de estar atados aos problemas para atuarmos de fato sobre eles.


Nada é impossível de Mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar. (BERTOL BRECHT)

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

fábricas ocupadas

ENCONTRO
Em Apoio ao Movimento das Fábricas Ocupadas!
15 de dezembro às 9h na Flaskô


De que lado você está?
Do desemprego..

Em 31 de maio de 2007, um crime foi cometido contra a luta por
empregos e direitos. As fábricas Cipla e Interfibra (SC), que estavam
sob controle dos próprios trabalhadores há cinco anos, foram
invadidas pela Polícia Federal e Militar para que um interventor
judicial pudesse tomar posse. A intervenção será julgada pelas
organizações da classe trabalhadora em breve, num Tribunal
Nacional Popular, mas já se sabe que ela foi decretada a pedido dos
patrões, através do INSS (órgão do Ministério da Previdência). Hoje,
a Cipla e a Interfibra caminham para a falência, centenas de
trabalhadores já foram demitidos e a situação piora a cada dia.
Os trabalhadores da Flaskô de Sumaré/SP - fábrica que permanece
sob controle operário - também sentiram o golpe, afinal, a
intervenção é política e visa acabar com o Movimento das Fábricas
Ocupadas. A pressão é tão grande que a Flaskô chegou a ficar mais
de 40 dias sem energia elétrica. No entanto, apesar da retomada das
atividades em agosto, as ameaças são constantes e a qualquer
momento a fábrica pode ser levada ao fechamento.

... ou dos trabalhadores da Flaskô?
Por isso, a determinação dos operários em
segurar a fábrica aberta, mantendo os
empregos, pagando os salários e tentando
melhorar a produção não basta. É preciso a
mais ampla solidariedade da classe
trabalhadora a esse exemplo de resistência e
de luta pelo socialismo.
A derrota da Cipla, Interfibra e Flaskô e
de outras fábricas que se colocaram em luta
pelo controle operário servirá de argumento
aos patrões e seus lacaios para fortalecer os
ataques contra as ocupações, greves e as lutas
em defesa dos empregos, dos direitos, da
reforma agrária, da moradia e do parque
fabril.
Será um golpe contra todos, para facilitar
a aplicação dos planos de desemprego e
retirada de direitos da classe trabalhadora e
da juventude.
Assim, dada a importância da questão,
convidamos para um Encontro em Apoio ao
Movimento das Fábricas Ocupadas.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

A novela das mensalidades


A cada ano a Fundação Cásper Líbero, mantenedora da nossa Faculdade, se reúne com o C.A. para discutir o reajuste de mensalidades para o ano seguinte. Nas reuniões participam alguns estudantes, um Professor observador (geralmente o Cláudio Arantes), o Alípio Freire (Secretário Geral da faculdade) e o Marcos Dantas (Gerente Administrativo da Fundação).

Planilhas
Em geral são três as reuniões nas quais nos apresentam mil e uma tabelas que teoricamente justificariam o aumento de mensalidades. O valor do reajuste é baseado no custo que terá o aluno para a Faculdade.

As tabelas e planilhas são incompletas, faltam dados claros e precisos. Por exemplo: não é especificada a renda da Faculdade, ou seja, quando se calcula o custo dos alunos não se leva em conta o abatimento que este valor teria por conta das receitas. Há outras esquizofrenias como um aumento de mais de 100% em produtos de limpeza que não conseguiram justificar (como ocorreu na reunião de 2006).

O intermediário

Seguindo o melhor estilo da burocracia, há um intermediário na "negociação". Qualquer proposta que fazemos tem que ser levada "lá pra cima". Sendo otimista e considerando que a nossa proposta é mesmo repassada, como é que os argumentos que a embasam serão apresentados e defendidos?

Qualquer questionamendo com relação aos dados apresentados só será respondido na próxima reunião, já que nosso interlocutor não possui, ou diz não possuir, condições de responder no momento.

Com apenas três reuniões, não há possibilidade de diálogo real já que não conversamos com alguém que possa fazer uma verdadeira discussão na ocasião. Entre o sobe e desce do garoto de recados da Fundação, perdem-se as três reuniões.

O aumento pré-definido

As reuniões seguem sempre o mesmo script. Primeiro a Fundação sugere um aumento para os que estão na Cásper e outro, mais alto, para os estudantes que vão entrar no ano seguinte. O C.A. não aceita e a tarefa deles pra próxima reunião é trazer esse valor recalculado.

Além do novo percentual de reajuste, eles voltam com algumas explicações solicitadas sobre a planilha. Então contra argumentamos as justificativas que eles nos dão para o aumento. O Dantas fica de levar isso pra cima e uma próxima reunião é marcada, de preferência no meio da semana de provas e perto do fim do ano, dificultando a discussão com os estudantes e complicando a vida daqueles que participam das reuniões.

Finalmente chegamos à terceira e última reunião, quando nenhum dos presentes aguenta mais a discussão sem embasamento e cínica que está sendo feita. O Dantas (ou o Dimas Oliveira, que o substituiu nas reuniões de 2006) também está cansado e diz: "o aumento é esse e ponto final, no máximo diminuo 0,0000000000000002%. Foi ótimo negociar com vocês."

CONCLUSÃO: A NEGOCIAÇÃO É TUDO, MENOS DISCUSSÃO! NÃO HÁ UM DIÁLOGO VERDADEIRO, SOMOS APENAS COMUNICADOS SOBRE AS DECISÕES DA FUNDAÇÃO, O QUE TORNA AS REUNIÕES NEGOCIAÇÕES SIMBÓLICAS E SEM SENTIDO. POR ESTE MOTIVO, O C.A. SE RECUSA A COMPARECER A ELAS E LEGITIMAR A PALHAÇADA. PORÉM, NOSSAS AÇÕES NÃO PARAM POR AÍ.

ABAIXO-ASSINADO

O C.A.V.H. está organizando um abaixo-assinado contra o aumento injustificado das mensalidades e convoca todos que também estão indignados com a situação a participarem dele.

Os pontos:

- Por nenhum reajuste sem verdadeira discussão com o conjunto da Faculdade (estudantes, professores e funcionários);

- Para que a Fundação sustente a Faculdade financeiramente, e não o contrário;

- Por uma discussão feita:

*Com a abertura das contas da Fundação e da Faculdade, discriminando origem e destino de todas as receitas;

*Diretamente com alguém que possa responder pela Fundação, sem intermediários;

*Com antecedência suficiente para que as justificativas possam ser avaliadas e discutidas.

Para participar, mande seu nome e R.A. para
ca_casper@yahoo.com.br

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

"O tempo passa, o tempo voa, e a Fundação Cásper Líbero continua igualzinha...
Gente, parece o túnel do tempo!!!!"

Ana Cristina, gestão Novo Rumo (1979-1981), sobre o aumento de mensalidades.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

por que o CAVH não irá discutir as mensalidades

São Paulo, 7 de novembro de 2007

CARTA ABERTA DO CENTRO ACADÊMICO VLADIMIR HERZOG

SENHOR MARCO DANTAS (Superintendente da Fundação Cásper Líbero),
SR. ALÍPIO RODRIGUES (Secretário Geral da Faculdade Cásper Líbero),
PROF. CLÁUDIO ARANTES (Professor observador das reuniões de mensalidade),
PROF. TEREZA VITALI (Diretora da Faculdade Cásper Líbero),
SR. PAULO CAMARDA (Presidente da Fundação Cásper Líbero),

O Centro Acadêmico Vladimir Herzog vem por meio desta afirmar publicamente que não participará em momento algum de nenhum espaço que utilize a presença da representação estudantil como forma de legitimar aumentos de mensalidade já pré-definidos pela Fundação, apresentados em encontros absolutamente anti-democráticos, qualificados mentirosamente como negociação. Por esse motivo, o C.A. não participará da reunião convocada pelo Sr. Marco Dantas onde supostamente seriam negociadas as mensalidades para 2008.
Não há negociação possível entre Centro Acadêmico e Marco Dantas porque este é apenas um intransigente intermediário da Fundação, que já definiu quanto deve ser o aumento das mensalidades para que possa seguir mantendo suas nebulosas contas em dia. A presença de intermediários sem qualquer poder de decisão em todos os espaços da Faculdade é tática clássica da burocracia para dificultar e impossibilitar qualquer forma de contra-argumentação e contestação.
Não há negociação possível porque ano a ano as informações disponibilizadas são insuficientes, as planilhas de custos e gastos são incompletas e pouco confiáveis, não há tempo de avaliá-las ou possibilidade de sanar as inúmeras desconfianças quanto à veracidade das mesmas. As planilhas não incluem elementos suficientes para que se justifiquem os aumentos, não apresentando por exemplo as receitas da Faculdade e embaralhando diversas vezes custos da Faculdade e da Fundação.
Não há negociação possível entre Centro Acadêmico e um intermediário porque por mais que argumentos sejam levantados e discutidos eles jamais são levados em consideração. Marco Dantas é um burocrata sem qualquer conhecimento da Faculdade, sem qualquer compreensão desta como espaço de produção de conhecimento, encarando-a apenas da perspectiva dos números, como uma empresa que vende educação. Para ele e para a Fundação tanto faz se há gasto com livros ou com lâmpadas, com aumento do salário dos professores ou com elevadores que falam, o que importa é manter as contas da “empresa” em dia. A Fundação só não quer ter prejuízo, a Faculdade que se vire para satisfazer seus “clientes” com recursos escassos e mal planejados.
Não há negociação possível quando a elitização clamorosa do perfil dos estudantes da Cásper não é vista como um problema da Fundação, nem quando o aumento considerável da inadimplência e de alunos que não conseguem completar o curso e a queda da relação candidato/vaga não são relacionados com os preços abusivos da mensalidade.
Não há negociação possível entre Centro Acadêmico e Marco Dantas porque os aumentos são sempre injustificavelmente superiores à inflação. “Ao final do ano letivo pode haver reajuste de acordo com o índice de inflação do país” diz o site do Vestibular da Cásper Líbero. A inflação de 2006 foi de 3,7% e as mensalidades aumentaram 5,8%. Em 2005 a inflação era de 5,69% e o aumento foi de 6,5%.
O Centro Acadêmico Vladimir Herzog opta por não participar dessa farsa e não se submeter à imposição de regras unilaterais por parte da Fundação. O reajuste de mensalidades deve ser balizado por uma série de fatores tendo em vista a garantia do mais amplo acesso ao ensino, garantindo a diversidade dentro da Instituição. Os valores não devem ser apenas apresentados e sim devem ser definidos em conjunto por todos os envolvidos: alunos, funcionários e professores. São esses setores que devem formular e aprovar o eventual reajuste, que deve ser discutido também nos órgãos colegiados já constituídos, e em outras instâncias com maior participação estudantil. O índice de reajuste deve ser o menor possível, servindo apenas para garantir a manutenção dos cursos e não como fonte de renda que sustente outros setores da Fundação.
Para que a comunidade possa formular propostas com embasamento é indispensável que haja a abertura dos livros fiscais, possibilitando o acesso à informações regulares, claras e completas. Para além da planilha de custos, é necessário o acesso à receita da Faculdade assim como aos contratos das empresas que utilizam seus espaços (Xerox, Monet e o recém-infiltrado Tele-Marketing). Acordos e convênios devem ser previamente apresentados à comunidade para que os interesses desta sejam garantidos. Deve haver transparência nos investimentos que são feitos, com a participação de todos na tomada dessas decisões.
Como Fundação, a Cásper Líbero não tem fins lucrativos. As mensalidades da Faculdade, portanto, devem servir única e exclusivamente para cobrir os custos da manutenção do funcionamento da mesma (aumento de salários de professores e funcionários, investimentos em estrutura e equipamentos, etc.), jamais como forma de dar lucro.
A participação de estudantes, professores e funcionários não deve se restringir ao momento de reajuste de mensalidades. A comunidade tem o direito de intervir e opinar nos rumos da Faculdade de maneira efetiva, de modo que a Cásper seja de fato gerida por aqueles que a conhecem e não por membros da Fundação que utilizam a Diretoria para transmitir seus recados e garantir seus interesses.
Todo e qualquer aumento será mais uma vez abusivo, injustificável e imposto de cima para baixo por uma Fundação que não conhece nem quer conhecer a Faculdade, encarando esta apenas como mais uma fonte de renda. Qualquer aumento acima da inflação será, além de tudo, mentira deslavada e propaganda enganosa.

Centro Acadêmico Vladimir Herzog – gestão Mal Educados

Isso não se encerra nessa carta! Chamamos todos os estudantes pra continuarem a discussão!

REUNIÃO CAVH - terça feira - 13/11 - 11:30 e 20:40 - na sala do CA (6º andar)

Moção de apoio à ocupação da reitoria da PUC-SP

O Centro Acadêmico Vladimir Herzog (CAVH), da Faculdade Cásper Líbero, se solidariza integralmente com a ocupação estudantil realizada no dia cinco de novembro.

Repudiamos a maneira antidemocrática pela qual o redesenho institucional está sendo realizado assim como o próprio projeto que visa a elitização da universidade, dificultando o acesso e a permanência, diminui a democracia interna e a autonomia dos cursos ao incentivá-los a buscar na iniciativa privada seu sustento. Nos solidarizamos também na busca por um aumento no número de bolsas de modo a atender todos os estudantes que buscam o ensino e contra as demissões de professores e funcionários.

Desde já expressamos nosso repúdio à qualquer tentativa de repressão à ocupação e ao movimento estudantil. Não aceitaremos que mais uma vez a polícia militar entre na universidade e expulse os estudantes, deslegitimando suas reinvidicações numa tentativa de acabar com o movimento. Não aceitaremos também punições internas, nenhuma perseguição aos ocupantes nem sindicância.

Contra o ensino mercadoria e desmonte do ensino público: todo apoio às ocupações!

Centro Acadêmico Vladimir Herzog, gestão Mal Educados

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Manifesto dos estudantes: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/11/401596.shtml

Mais informações em http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2007/11/401597.shtml

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Reunião CAVH - AMANHÃ

Terça feira (06/11) tem reunião do CAVH às 11:30 e às 20:40 na nossa sala, no sexto andar.

Pauta:

Mensalidades

Cervejada da ECA

Camisetas CAVH

Avaliação sobre o curso de Jo, feita pela coordenadoria

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Reunião: quarta feira (10/10) -- 11:30 na sala do CAVH

Pautas:

- Encontro Paulista pela Democom

- Diarréia

- Camisetas

- Avesso: propostas de financimento

- Dinheiro das rifas

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

SEMINÁRIO QUESTÃO AGRÁRIA

A atividade pretende dar elementos para a compreensãode profissionais e estudantes de comunicação emrelação à questão agrária, à disputa política nocampo, ao papel do agronegócio e as lutas dosmovimentos sociais pela Reforma Agrária.

Promovido pelo Movimento Sem Terra e pela EscolaNacional Florestan Fernandes, com apoio e certificaçãodo Departamento de Jornalismo da PUC-SP (PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo)

DATA: 06 e 07 de outubro de 2007

LOCAL: Viaduto Nove de Julho, 160 Conj. 2E – Centro -São Paulo (SP), no Sindipetro (próximo à estação deMetrô Anhangabaú).

INSCRIÇÕES – envie um correio para seminariosp@mst.org.br para receber a ficha.

INFORMAÇÕES - 11-3361-3866 / 8267-6393Valor – R$ 10,00

VAGAS LIMITADAS

PROGRAMAÇÃO
Sábado, 6 de outubro
9h-13h
História da Questão Agrária - do Brasil Colônia àRevolução Verde - com João Pedro Stedile - coordenaçãonacional do MST

14h30-18h30
Da ocupação ao assentamento-processo de execução daReforma Agrária - com Ariovaldo Umbelino de Oliveira,geógrafo e professor da USP.

Atividade Cultural e Café da Reforma Agrária

Domingo, 7 de outubro

9h-13hSociedade civil no campo – com Bernardo MançanoFernandes, professor dos cursos de graduação epós-graduação da Universidade Estadual Paulista(Unesp).

Diálogo com os movimentos sociais do campo - comrepresentantes da Via Campesina, Cortadores de Cana eQuilombolas.

14h30-18h30Questão agrária na era da globalização capitalista -com Plínio de Arruda Sampaio, presidente da AssociaçãoBrasileira de Reforma Agrária e coordenador do 2ºPlano Nacional de Reforma Agrária

Encerramento

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A televisão e a criminalização dos movimentos sociais

No dia 5 de outubro vencem as concessões públicas de diversas emissoras
TV, como afiliadas da TV Globo, Bandeirantes e Record. Apesar de a renovação ser praticamente automática, esse é um momento de reflexão e questionamento acerca do papel das emissoras na sociedade brasileira, da necessidade de controle público (não apenas estatal) sobre o que é veiculado e da maneira como estas emissoras utilizam do espaço público para perpetuar preconceitos e distorções, além de transformar em crime qualquer contestação da ordem vigente .

Com:
João Brant (manhã) e Bia Barbosa (noite) - Coletivo Intervozes
Alex Fernandes – Sindicato dos Metroviários
Juvelino Stronzake (manhã) e José Batista (noite) - MST

02 de outubro às 10h e às 19h
Na sala Aloysio Biondi

Às 12:30 e 17:30 haverá a exibição do filme Muito Além do Cidadão Kane, na sala do CA.
O debate integra a Semana pelo Controle Popular das Concessões de Rádio e TV.
Realização C.A. Vladimir Herzog - gestão Mal Educados

O Espaço é do Povo, Sem Concessão!

SEMANA PELO CONTROLE POPULAR DAS CONCESSÕES PÚBLICAS DE RÁDIO E TV

Segunda-feira, 01/10
Exibição do filme Muito Além do Cidadão Kane, 18h, na Vivência (ECA)

Terça-feira, 02/10
Debate: A Televisão e a Criminalização dos Movimentos Sociais, 10h e 19h, na sala Aloysio Biondi (Cásper Líbero)
Exibição do filme Muito Além do Cidadão Kane, na sala do CAVH (Cásper Líbero)

Quarta-feira, 03/10
Debate: Participação Popular no Controle das Concessões Públicas, 18h (ECA)

Quinta-feira, 04/10
Atividade: A Ditadura Militar Acabou, a da Rede Globo Não, 18h30, pátio do Benevides Paixão (PUC)

Sexta-feira, 05/10
Dia Nacional de Mobilização por Transparência nas Concessões Públicas
Ato público na Avenida Paulista - concentração às 12h no escadão da Gazeta (Cásper Líbero)
Atividade Cultural: Cervejada na ECA, 21h

Realização:
Centro Acadêmico Vladimir Herzog (Cásper Líbero)
Centro Acadêmico Benevides Paixão (PUC-SP)
Centro Acadêmico Lupe Cotrim (ECA-USP)
ENECOS - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

F.S.A.:contra a polícia, prefeito e reitoria adiante, adiante, adiante!

F.S.A.:contra a polícia, prefeito e reitoriaadiante, adiante, adiante!

GREVE NA FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ!

Calendário para a semana - tirado em assembléia de segunda-feira (24/09)

25/09 (terça): Aula Pública sobre as irregularidades na gestão"Odair Bermelho" - às 20h no Auditórioda FAFIL (Pinicão)

26/09 (quarta): aula pública organizada nas salas de aulas pelosprofessores dos cursos

27/09 (quinta): ATO PÚBLICO NA FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ - Contandocom a presença, além de todos osalunos em greve, de estudantes, entidades, etc, que apóiem a luta na F$A!

28/09 (sexta): Assembléia geral

29/09 (sábado): Encontro dos estudantes da FSA no períodomatutino;

Concentração para PASSEATA às14h.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Para fugir da crise, faculdades distribuem bolsas

Ter, 11 Set, 08h39
Numa tentativa de combater a inadimplência e a concorrência crescente no ensino superior privado do País, universidades particulares chegam a oferecer bolsas a mais da metade de seus alunos. Há todo tipo de desconto nas mensalidades: bolsa-idade, bolsa-mérito, bolsa para funcionários de empresas parceiras - sem contar os benefícios oferecidos pelo próprio governo a estudantes de baixa renda. Os abatimentos variam de 10% até 100%.

"Tornou-se uma necessidade oferecer bolsas para não perder alunos", diz o presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semes), Hermes Figueiredo. As instituições particulares enfrentam uma crise atualmente, com fechamento de universidades e tentativa desesperada de captar mais alunos em um mercado que já parece saturado.

Além disso, as instituições pecisam atender estudantes das classes C e D, que nos últimos anos tornaram-se uma parcela cada vez maior desse mercado. Segundo números do Ministério da Educação (MEC), 27,5% dos alunos de ensino superior privado no País têm renda familiar de até três salários mínimos.

Pelos números do MEC, existem 306 mil estudantes beneficiados pelo ProUni, programa do governo que atende alunos de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Eles recebem a bolsa e a instituição fica isenta de pagar impostos. A universidade pode oferecer até uma bolsa para cada 10 alunos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

Estudantes da UNIR ocupam reitoria, adiam o REUNI e conseguem conquistas


No dia 10 de setembro, cerca de 40 estudantes da UNIR (Universidade Federal de Rondônia) ocuparam a reitoria da universidade para impedir a adesão da instituição ao REUNI. Além disso, os estudantes exigiram uma extensa pauta de reivindicações do movimento estudantil.
Dois dias depois os estudantes desocuparam a reitoria, com inúmeras vitórias.
Segundo Giovany Lima, Coordenador de Finanças do DCE “A desocupação se deu no contexto em que o movimento estudantil conseguiu arrancar da Administração Superior da UNIR todas as suas reivindicações. Nossa organização e disposição política de ocupar permanentemente a Reitoria foram os elementos centrais para que garantíssemos a conquista de nossos objetivos, que incluem entre outros, a democratização do debate sobre as implicações da UNIR aderir ao Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI”.

Essa é mais uma vitória do movimento estudantil contra a política do governo Lula de privatização da Universidade Pública. Os estudantes e o DCE da UNIR estão demonstrando, para os estudantes de todo o Brasil, que só através da luta será possível barrar o REUNI. Então, todos à luta!

Veja abaixo o termo de compromisso assinado Administração Superior da UNIR e o DCE:

1) Estabelecimento de uma agenda de discussão, na forma de Seminários Institucionais, a serem realizados nos campi da UNIR, garantindo a representação dos estudantes (DCE), representação dos professores (ADUNIR), representação dos servidores técnico-administrativos (SINTUNIR) e da Administração Superior e que tenha como objetivo debater as implicações da adesão da UNIR ao REUNI;

2) Que as sessões dos Conselhos Superiores da UNIR sejam realizadas a partir do momento em que os representantes discentes estejam devidamente eleitos e empossados e que a Diretoria do DCE/UNIR assume o compromisso de realizar a reunião do Conselho de Entidades de Base – CEB/DCE com a pauta correspondente a eleição da Comissão Eleitoral responsável pela condução dos trabalhos relativos às eleições para representantes discentes nos Conselhos Superiores da UNIR, no prazo máximo de 22/09/2007 e levar para o CEB o indicativo de que a eleição possa se realizar no prazo máximo de 15 dias após a tirada de Comissão Eleitoral;

3) Criação de um Grupo de Trabalho, com indicação de membros pelo DCE, que discuta e apresente propostas relativas à implementação do Restaurante Universitário (no sistema bandejão e com subsídio) e da Moradia Estudantil nos campi da UNIR, tendo também uma preocupação específica de apresentar propostas para a regulamentação da situação da Casa do Estudante Universitário do Campus de Agronomia de Rolim de Moura, no prazo de 30 dias;

4) Concessão de 90 bolsas para estágio não obrigatório, a partir de 2008 no valor de R$400,00;5) Concessão de 100 bolsas para vale-transporte, a partir de 2008 no valor de R$40,00;

6) Concessão de 100 bolsas para alimentação, a partir de 2008 no valor de R$80,00;

7) Instalação de chuveiros no bloco de Enfermagem, no prazo de 30 dias;

8) Substituição das lousas e aquisição de novas cadeiras para o curso de Pedagogia;

9) Melhoria das condições dos banheiros do bloco de Psicologia, no prazo de 30 dias.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

José Erasmo Serra Dias - parte dois


É o Estado de Direito (a)...




fonte: G1

Mais repressão

14/09/2007 - 09h04
Alunos ocupam reitoria no ABC e entram em confronto com a PM

da Folha Online

Estudantes entraram em confronto com a Polícia Militar no final da noite de ontem (13), no prédio da Fundação Santo André, em Santo André (Grande São Paulo). Oito foram detidos suspeitos de resistência à prisão e dano ao patrimônio. O problema começou quando cerca de 300 alunos da fundação ocupam a reitoria em protesto contra o aumento supostamente abusivo das mensalidades. Quase três horas depois, a força tática do 10º Batalhão da PM foi acionada para expulsar o grupo. Houve confronto, e ao menos uma pessoa ficou ferida. O tumulto terminou à 0h30.Conforme balanço preliminar da própria PM, 20 salas da reitoria sofreram danos. O caso foi registrado no 4º DP da cidade. Na manhã desta sexta-feira, peritos realizavam uma vistoria no prédio.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Resultados do Plebiscito Popular

Resultados das urnas organizadas pelo Centro Acadêmico Vladimir Herzog nos dias 4, 5 e 6, na Cásper e na Avenida Paulista.

TOTAL DE VOTOS - 526

1. EM 1997, A COMPANHIA VALE DO RIO DOCE - PATRIMÔNIO CONSTRUÍDO PELO POVO BRASILEIRO - FOI FRAUDULENTAMENTE PRIVATIZADA, AÇÃO QUE O GOVERNO E O PODER JUDICIÁRIO PODEM ANULAR. A VALE DEVE CONTINUAR NAS MÃOS DOCAPITAL PRIVADO?

NÃO - 490 / SIM - 35 / BRANCOS - 1


2. O GOVERNO DEVE CONTINUAR PRIORIZANDO O PAGAMENTO DOS JUROS DA DÍVIDA EXTERNA E INTERNA, EM VEZ DE INVESTIR NA MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO DO POVO BRASILEIRO?

NÃO - 496 / SIM - 27 / BRANCOS - 3


3. VOCÊ CONCORDA QUE A ENERGIA ELÉTRICA CONTINUE SENDO EXPLORADA PELO CAPITAL PRIVADO, COM O POVO PAGANDO ATÉ8 VEZES MAIS QUE AS GRANDES EMPRESAS?

NÃO - 486 / SIM - 39/ BRANCOS - 1

4. VOCÊ CONCORDA COM UMA REFORMA DA PREVIDÊNCIA QUE RETIRE DIREITOS DOS TRABALHADORES/AS?

NÃO - 503 / SIM - 20 / BRANCOS - 3

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Outorga e renovação das concessões de rádio e TV

Venício Lima - Bia Barbosa
para o Observatório do Direito à Comunicação (30.08.2007 )

No próximo dia 5 de outubro, vencem as concessões das principais emissoras de TV brasileiras. Entre elas da Record, Bandeirantes e as cinco concessões da Rede Globo – em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Belo Horizonte. Em teoria, este seria o prazo para o governo federal decidir se aceitará o pedido de renovação das concessões a essas empresas e encaminhar esta decisão para posterior análise do Congresso Nacional. Na prática, não se sabe o que vai acontecer. Se o Presidente da República e os parlamentares não se manifestarem sobre o assunto, as emissoras continuarão operando com licenças precárias. Historicamente, o tempo médio de análise pelo Executivo dos processos de renovação de outorgas de rádio e TV tem sido de mais de seis anos.

O simbolismo da data, no entanto, fará com que o dia 5 de outubro não passe em branco. Diversos movimentos sociais, sindicatos e organizações da sociedade civil estão preparando, para este dia, mobilizações pelo país. Um dos objetivos é denunciar a flagrante ilegalidade que existe hoje nos processos de concessão e renovação de outorgas.

Sobre este assunto, o Observatório do Direito à Comunicação entrevistou Venício Artur de Lima, pesquisador sênior do Núcleo de Estudos sobre Mídia e Política (NEMP) da Universidade de Brasília. Confira abaixo os principais trechos da conversa.

Atualmente, os critérios econômicos são os principais num processo de licitação para a concessão de outorgas de rádio e TV no Brasil. Que tipo de problemas isso cria?
Antes mesmo das outorgas serem concedidas via licitação, o que valia mais era o poder econômico das empresas. Foi assim que a comunicação comercial se consolidou no país. Nunca obedeceu às prioridades definidas na própria lei. Na origem da legislação de radiodifusão, se estabeleceu a prioridade a finalidades educativas. De 1988 pra cá, com a promulgação da Constituição Federal, o artigo 221 passou a estabelecer quatro prioridades claras, que valeriam para qualquer tipo de outorga de radiodifusão: finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas, mas isso nunca foi cumprido. Dar mais peso aos critérios econômicos na licitação é só uma forma através da qual a lei é burlada em detrimento dos objetivos que a priori são definidos para a radiodifusão. Ao introduzir a licitação e privilegiar o aspecto econômico, do ponto de vista contratual, e abandonar os outros, você esquece o que é mais importante.

E isso também vale pra a venda de outorgas, que também é permitida por lei. É quase um processo de transferência privada, que envolve o Ministério das Comunicações. Nas transferências, não há nenhum tipo de fiscalização da autoridade pública. Eu sou concessionário, você tem interesse, eu vendo minha outorga pra você e pronto. E posso vender pra qualquer tipo de pessoa.

E o que ocorre nos processos de renovação de concessões, para os quais sequer há critérios estabelecidos?
Na renovação é pior ainda. As concessões acabam se transformando em propriedade dos concessionários. São temporárias, mas se transformam em propriedade permanente. Isso tem sido inclusive uma preocupação do Ministério Público. Recentemente, um procurador disse que era um absurdo todos os tipos de contrato de prestação de serviço público poderem ser desfeitos pelo outorgante e nada disso se aplicar à radiodifusão. Ou seja, até o Ministério Público se deu conta de que as renovações são pró-forma. Na prática, embora haja uma série de exigências formais e técnicas, de comprovação de situação fiscal, elas não se concretizam. Primeiro, porque o processo de renovação demora tanto que essas comprovações perdem a validade. Segundo, porque na renovação se ignora tudo o que já havia sido ignorado na concessão. Ou seja, o artigo 221 continua não aparecendo como critério.

O processo também passa pelo Congresso Nacional, ou seja, deputados e senadores exercem, neste caso um poder, concedente. Ao mesmo tempo, a legislação diz que nenhum parlamentar pode ser dirigente de empresas concessionárias de serviço público. Isso é respeitado?
Há, sabidamente, vários problemas no Congresso envolvendo concessões e renovações de outorgas. Um deles é o processo de tramitação interno. O Congresso sempre alegou que não tinha pessoal preparado para instruir os processo de renovação. Recentemente, houve avanços neste sentido, com o ato normativo número 1/2007 da subcomissão de concessões da CCTCI [Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática da Câmara dos Deputados], que estabeleceu mudanças no tempo da tramitação, na exigência de se disponibilizar um banco de dados sobre os processos, etc.

Mas o problema de solução mais difícil é que, a partir do momento em que o Congresso passou a ser poder concedente, foi incorporado a este poder um grupo grande de parlamentares que são, eles próprios, associados à radiodifusão. Ou porque são diretamente concessionários ou, embora não apareçam nos contratos, estão indiretamente envolvidos via familiares ou laranjas. Isso cria problemas gigantes, porque o concessionário se confunde em alguns casos com o poder concedente, também responsável pela renovação.

Ou seja, há uma contaminação do processo pelo fato de que, tradicionalmente, há vários deputados compondo a CCTCI com interesse direto em jogo, ou para aprovar ou para prorrogar concessões. Isso foi admitido no relatório da própria subcomissão de concessões. O documento disse que, até agora, as renovações eram aprovadas em bloco sem obedecer a nenhum critério. Alguns parlamentares que foram pegos votando suas próprias concessões alegaram, em sua defesa, que isso acontecia porque a votação era em bloco.

No início do ano, o ministro das Comunicações Hélio Costa afirmou que não havia nenhum parlamentar concessionário de rádio e TV no país.
O imbróglio legal é mais complicado do que parece, não é tão simples como o ministro coloca. O Código Brasileiro de Telecomunicações, de 1962, faz uma restrição neste sentido. A regulamentação do Código, de 63, foi diversas vezes modificada. No meio disso, entra a Constituição, que coloca o problema de uma forma diferente: o problema passa a existir quando o cidadão comum se transforma em parlamentar. Antes disso – portanto, mesmo enquanto candidato – ele pode ser concessionário. Tendo sido eleito, aí o artigo 54 da CF passa a valer. Aí o parlamentar passa a empresa para o nome da esposa...

Mas na verdade os detalhes se o parlamentar é sócio ou membro da diretoria de uma emissora são uma filigrana. Se o sujeito é parlamentar, ele se transforma em poder concedente. Os regimentos das duas Casas dizem que, quando a pessoa tiver interesse privado, há um impedimento ético em decidir sobre essa questão. No caso da Câmara, o impedimento tem que ser declarado pelo próprio deputado. Mas é obvio que como radiodifusor o parlamentar deveria se excluir de toda manifestação que envolvesse radiodifusão.

Essa questão é central no mundo contemporâneo, quando se conhece o pelo papel da comunicação na política. Obviamente é uma pratica antidemocrática.

Há algumas semanas, o Ministério das Comunicações anunciou um recadastramento das emissoras de rádio e TV, algo que não ocorria desde 1973. As empresas terão que enviar informações como o quadro societário atual, endereço, etc. Esse recadastramento serve para alguma coisa se não há fiscalização do MiniCom durante o período de exploração da outorga?
O recadastramento é para inglês ver. Será um banco de dados atualizado pelos próprios interessados e não há nenhuma informação se isso vai ser ou não colocado à disposição pública. Em novembro de 2003, o cadastro das concessões foi disponibilizado no site Minicom e desapareceu no início deste ano. Quando alguma irregularidade é encontrada e se acha alguém envolvido, o mecanismo de defesa das pessoas é dizer que o cadastro está desatualizado. Agora se fala em recadastramento, mas ninguém diz que a informação é pública, que deveria estar disponível.

Num curto prazo, o que poderia ser feito para melhorar esta situação?
Se a lei fosse cumprida, com certeza absoluta já seria um outro quadro. Um exemplo seria o acompanhamento das renovações e das novas outorgas para emissoras de rádio e TV existentes no município. Se todos conhecessem a relação das concessões existentes em seu município, as datas de vencimento de cada uma e as relações de cada uma com os políticos locais, se essa informação fosse amplamente divulgada na sociedade, a população poderia fazer um acompanhamento disso. A situação no Brasil é tão absurda que se a sociedade civil conseguisse simplesmente levantar os concessionários e aplicar as regras de hoje já seria uma revolução.

Observatório do Direito à Comunicação

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O que está em discussão no Plebiscito Popular

Na semana da Pátria, ocorre pelo Brasil o Plebiscito Popular que discute quatro questões: a nulidade do leilão da Cia. Vale do Rio Doce, a dívida externa, a questão energética e a reforma da previdência.

Na Cásper o Plebiscito será de terça à quinta-feira (do 4 ao 6), a urna ficará no terceiro andar.

Abaixo uma pequena contribuição sobre os temas:

O Leilão da Cia. Vale do Rio Doce

O leilão da Vale foi realizado em 97 pelo gov. FHC e por ter uma série de irregularidades – legais e morais – está sendo contestado pelo Plebiscito e, na Justiça, por 103 ações populares.

A CVRD é a segunda maior empresa brasileira: presente em 14 estados e 40 países; possuir a maior frota de navios de grãos, ações em outras empresas (CSN, Açominas, Usiminas e Cia. Siderúrgica de Tubarão) além de atuar no setor de celulose.

A Vale foi vendida por apenas U$ 3,3 bilhões, sendo que só no segundo trimestre de 2005 seu lucro U$ 3,5 bi! Não por acaso quem avaliou o valor da CVRD para o leilão foi o seu comprador, o Bradesco. O que é ilegal de acordo com Programa Nacional de Desestatização (PND), criado por decreto pelo Collor.

Os donos da Vale estão dispersos. As ações ordinárias (que dão direito à voto) estão 53,3% são da Valepar (consórcio composto pela Bradespar – do Bradesco -, fundos de pensão Previ e empresas estrangeiras.) e 39,9% na bolsa de Nova Iorque e São Paulo. Já as ações preferenciais (que dão privilégios na hora dos lucros) estão em sua maioria (64,9%) na posse de estrangeiros.


A dívida externa

De janeiro a julho de 2006, os governos federal, estaduais e municipais geraram um superávit primário (isto é, a economia de recursos para o pagamento da dívida, obtida por meio de aumento de arrecadação de tributos e corte de gastos públicos) equivalente a R$ 62,8 bilhões ou 5,39% do PIB (Produto Interno Bruto, ou seja, tudo que o país produziu durante estes 7 meses). Porém, este superávit não foi suficiente para pagar os juros da dívida, que atingiram 8,16% do PIB no período. Isto significa que, de cada R$ 100 de toda a riqueza produzida pelo país nestes 7 meses, R$ 8,16 foram destinados para os juros da dívida.

O mais grave é que todo sacrifício social que vem sendo praticado para se atingir a meta de superávit primário não foi suficiente para impedir o crescimento explosivo da dívida interna federal neste período. De dezembro de 2005 a julho de 2006, esta dívida cresceu de R$ 1,002 trilhão para R$ 1,109 trilhão, ou seja, um crescimento de nada menos que 11% em apenas 7 meses. Em valores absolutos, esta dívida cresceu R$ 107 bilhões de janeiro a julho, valor este equivalente a seis vezes todo o gasto com saúde no período.

No que se refere à dívida externa, o governo tem efetuado pagamentos antecipados, procurando difundir a idéia de que esta dívida não é mais problema. Porém, mesmo com os pagamentos antecipados ao FMI, ao Clube de Paris e aos credores dos títulos “Bradies”, a dívida externa ainda é um grande problema e tem influenciado o comportamento da economia nacional em vários setores (agrícola, por exemplo). Apesar dos pagamentos, esta dívida caiu de US$ 202 bilhões em setembro de 2005 para US$ 178 bilhões em julho de 2006, portanto, ainda é elevada. Importante ressaltar também que estas operações de pagamento antecipado da dívida externa significam aumento da dívida interna, sobre a qual incidem os juros mais altos e prazos mais curtos.

(Fonte: http://www.jubileubrasil.org.br/v01/verde/divida/boletins/Boletim15.doc)
A energia elétrica

A privatização do setor elétrico no país, seguida de racionamento, revisão tarifária e aumento de encargos, elevou preço do serviço para a população. Hoje os brasileiros pagam R$ 15 bilhões a mais, por ano, com tarifas de energia, do que quando as empresas eram estatais. Este espólio faz com paguemos a quinta maior tarifa mundial de energia.

Entretanto, o Brasil tem um dos custos de produção de energia mais baixos do mundo. Sua principal fonte para geração de energia elétrica no Brasil é a água (hidroeletricidade). O custo de produção de um kilowatt de energia através dessa fonte é em torno de R$ 0,06 (seis centavos). Ou seja, se gastarmos 200 kilowatts por mês o custo é de R$ 12,00 (doze reais). Então, por que pagamos, em média, mais de R$ 0,30 (trinta centavos) o kilowatt no Brasil? Por que em estados como Minas Gerais e Goiás, as famílias pagam até R$ 0,60 (sessenta centavos) o kilowatt? Nestes casos, uma família que consome 200 kilowatts de energia por mês, vai ter que pagar uma conta de R$ 120,00 (cento e vinte reais), ou seja, 10 vezes mais que o custo!

Enquanto isso, o setor industrial paga até oito vezes menos do que a população. Apesar de ser quem mais gasta luz no Brasil. Quase a metade de toda a energia produzida é utilizada pela indústria e cerca de 550 grandes consumidores gastam praticamente 20% da energia elétrica produzida no Brasil.

(Fonte: http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=502)

A previdência social
A Previdência Social no Brasil surge na forma de caixas de aposentadoria e pensão em 1923. Antes disso, existiam caixas ou sociedades de ajuda mútua formadas pela iniciativa dos próprios trabalhadores. Somente em1966, com a fusão dos IAPs, é que se cria no Brasil um ente previdenciário unitário, então chamado Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).
A previdência é deficitária?
De acordo com a legislação brasileira, a Seguridade Social tem várias fontes de receita: COFINS; Contribuição Sobre o Lucro Líquido das Empresas; CPMF; Concursos de Prognósticos (Mega-Sena, Lotomania, Quina, Super Sena. Etc.), receita própria do Ministério da Saúde; outras contribuições sociais (DPVAT, prêmios prescritos e bens apreendidos).
Em contrapartida, a Seguridade Social também tem suas despesas: benefícios; Saúde; Assistência Social; custeio e pessoal do INSS; outras ações da Seguridade (ações prestadas a outros Ministérios); ações do “Fundo de Combate à Pobreza”.
As receitas hoje são maiores do que as despesas, mas o governo não computa todas as receitas e mente dizendo que existe déficit, para justificar a necessidade de reduzir ainda mais os benefícios.
Por que então reformar novamente a previdência?
Se não existe déficit e nem o envelhecimento da população inviabiliza a previdência, então por que o governo insiste em mudar as regras? Porque o governo Lula segue com a mesma política dos governos anteriores e privilegia a criação de superávits para o pagamento das dívidas interna e externa aos banqueiros e grandes empresários. Como parte dessa política, Lula desvia 20% do orçamento da seguridade social para o orçamento fiscal da União e, daí, para o pagamento da dívida pública. Diminuindo os gastos da previdência com o pagamento dos benefícios, vai sobrar mais dinheiro para banqueiros e grandes empresários.
Quase ninguém aposenta mais por tempo de contribuição. Somente por idade.
O fator previdenciário, instituído pela lei 9.876, no governo FHC, determina que a aposentadoria seja concedida levando em conta três variáveis: 1) a idade do trabalhador, 2) o tempo de contribuição e 3) a expectativa de sobrevida. A sobrevida é o tempo de vida que os brasileiros ainda terão, de acordo com estimativa do IBGE, depois de uma determinada idade.
Hoje nenhum trabalhador consegue mais se aposentar com o valor integral do benefício antes dos 60 anos de idade. O fator previdenciário criou dificuldades e limites para o acesso a aposentadoria. Uma sobrevida maior, conquista dos avanços obtidos até aqui pela humanidade, passou a ser motivo de punição. Se essa regra do fator previdenciário for mantida, dentro de algum tempo os trabalhadores, tanto homens como mulheres, somente conseguirão obter o valor integral da aposentadoria após os 65 anos de idade.
Com o fator previdenciário, o segurado do RGPS passou a viver com um elevado grau de incerteza em relação ao momento de requerer sua aposentadoria, pois o trabalhador não sabe com antecedência sua situação, que vai depender da expectativa de sobrevida calculada pelo IBGE.
(Fonte: http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc=noticia&id=494)


O Plebiscito Popular acontece na Cásper de terça à quinta (03, 04 e 05) no intervalo, antes da aula (pro noturno) e depois da aula (pro diurno). A urna fica no terceiro andar. O Plebiscito está sendo realizado por todo o País e vai até dia nove de setembro. Participe!

domingo, 2 de setembro de 2007

Programação da I Semana de Jornalismo

Terça feira – 04/09

Manhã
8 às 9:15
Abertura: Luis Edgar de Andrade - TELEVISÃO

9:30 às 11:30
Debate: TV’s pública e digital

Debatedores:
Paulo Roberto Leandro – TV Cultura
Almir Almas – ECA/USP
João Brant - Coletivo Intervozes
Mediador: Pedro Ortiz – Cásper Líbero

Noite
19:00 às 20:15
Abertura: Fábio Santos – JORNAL

20:30 às 22:30
Debate: Papel político e função social da mídia

Debatedores:
Bernardo Kucinski - ECA USP
José Arbex - PUC
Raimundo Pereira – Retrato do Brasil
Mediador: Gilberto Maringoni – Cásper Líbero

Quarta feira – 05/09

Manhã
8 às 9:15
Abertura: Agostinho Teixeira – RÁDIO

9:30 às 11:30
Debate: Novas Mídias e tecnologias

Debatedores:
Tereza Rangel - UOL
Caique Severo – IG
Sérgio Amadeu – Cásper Líbero
Henrique Parra – Cientista Social / Centro de Mídia Independente (CMI)
Mediador: Caio Túlio Costa


Noite
19:00 às 20:15
Abertura: Thomaz Souto Corrêa - REVISTA

20:30 às 22:30
Debate: O papel do curso de jornalismo

Debatedores:
Carlos Costa – Cásper Líbero
Hamilton Octávio - PUC
Coelho Sobrinho - ECA
Mediador: Igor Fuser – Cásper Líbero

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Amanhã tem reunião!

Pauta:

Semana de JO

Abaixo assinado

Senta

Plebiscito da Vale

Seminário porto alegre (ENECOS)

Debate e seminário MST

Comissão de bolsas

Debate sobre concessões de rádio e TV

Confisco das cotas de impressão


Faremos duas reuniões: 11h30 e 18h na sala do CAVH

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Aspas bem educadas - Elio Gaspari

CALMON, O GRANDE

Alguém deveria colocar uma placa na sede do Centro Acadêmico 11 de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Diria assim:"Sendo governador do Estado de São Paulo o ex-presidente da União Nacional dos Estudantes José Serra e o secretário de Justiça o advogado Luiz Antonio Marrey, a tropa de choque da Polícia Militar entrou neste prédio e desocupou as instalações invadidas horas antes por militantes da UNE e do MST. Os policiais detiveram 200 pessoas, levando-as para uma delegacia, onde permaneceram por pouco tempo.A ação, solicitada pelo diretor da escola, João Grandino Rodas, deu-se às 2h do dia 22 de agosto de 2007."

Bons tempos aqueles em que Pedro Calmon (nada a ver com o advogado da gestante), reitor da Universidade do Brasil, foi chamado à Faculdade de Direito do Rio. Ela estava ocupada por estudantes. Calmon tinha subido alguns degraus da escadaria quando entrou um tenente da PM, com seus soldados O reitor cumprimentou-o e pediu que voltasse para a rua. Explicou:"Aqui só se entra com vestibular."

Há lembranças de que a frase de Calmon foi inscrita em bronze e colocada colocada no saguão da faculdade, no prédio do velho Senado do Império. Se foi, não está mais lá. (Alô, Alô, ministro Gilberto Gil, o casarão está caindo aos pedaços.)

São aventurosos os tempos dos estudantes. Quando eles passam dos 50, lembram com orgulho e carinho daquilo que fizeram quando tinham 20. A primeira cacetada da PM é como sutiã, ninguém esquece.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Direito de manifestação em che(o)que

Por Juliana Sada e Júlio Delmanto

Às 17:00 desta terça feira, dia 21, como parte da Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública (promovida por diversas entidades estudantis e movimentos sociais), foi declarada ocupada a Faculdade de Direito da USP. A ocupação era simbólica, uma forma de divulgar as 18 pautas consensuais da Jornada (link), e tinha hora marcada para terminar: 17 horas da quarta- feira.

Cerca de 600 pessoas estavam presentes no momento da ocupação. Foram iniciadas negociações com a Diretoria da Faculdade, que, após saber que era um ato pacífico e de 24 horas, se comprometeu a não chamar a Polícia. Na calada da madrugada, às 2 e 10 da manhã, quando cerca de 300 pessoas permaneciam na ocupação, a maioria dormindo, 120 policiais (40 da Tropa de Choque, 60 da Força Tática e 20 policiais femininas) participaram da operação que invadiu a Faculdade, expulsou e deteve todos os manifestantes, em seguida levados de ônibus à Delegacia.

Interessante observar alguns pontos. Primeiro, acabam-se as últimas dúvidas acerca do caráter ditatorial do governo Estadual, se é que alguém as tinha após os recentes atos de repressão aos trabalhadores da Cosipa e do Metrô. Está claro que essa afronta ao direito de manifestação e organização de todos os cidadãos é regra, e não exceção, no governo Tucano.

Em segundo lugar, a diferença no tratamento dado a esta ocupação, formada não apenas por estudantes, e à Ocupação da Reitoria da USP, iniciada em maio e que permaneceu intocada por 52 dias. Os privilégios de classe ficaram claros também na chegada à delegacia, onde antes de tudo a Polícia perguntava aos detidos se eram “estudantes” ou “do movimento”. Na primeira opção, a liberação ficava mais fácil.

E por último, há que se atentar para a importância da discussão da importância dos meios de comunicação, e o quão úteis a uma sociedade menos injusta eles seriam se democratizados. Em momentos como esse, em que vidas estão nas mãos daqueles que empunham armas contra quem deveriam defender, a mídia é fundamental para que a segurança dos mais fracos seja preservada, por mais “do outro lado” que a atual grande mídia historicamente esteja. Ou alguém acredita que o tratamento já truculento dado aos manifestantes não seria o mesmo das habituais torturas dos DP’s de São Paulo se não houvesse a presença das câmeras? Numa sociedade em que a comunicação esteja a serviço de todos, em que não haja a atual diferença entre comunicadores e comunicados, uma das funções da mídia seria denunciar e combater as violações constantes que a PM comete.

Segundo a Secretaria de Segurança “Pública”, a desocupação foi “pacífica” e a invasão da Polícia não necessitou de mandado por ter acontecido a menos de 24 horas da entrada dos manifestantes, o que configuraria flagrante. Segundo o Coronel Camilo, as detenções aconteceram para evitar que “o pessoal do MST se auto-lesionasse para culpar a PM”. Para o governador José Serra “não houve invasão da PM, a Tropa de Choque entrou lá para tirar os invasores”.

Hamilton de Souza, professor da PUC, questiona: “O que causa mais dano à construção da democracia no Brasil, a ocupação simbólica da São Francisco por 24 horas ou a invasão do campus universitário pela PM e a repressão às manifestações públicas?”

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

ATO DE DESAGRAVO



À INVASÃO DA FACULDADE DE DIREITO DA USP
PELA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

À CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
E SUA LUTA POR ACESSO À EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA

DIA 24 DE AGOSTO, SEXTA-FEIRA, ÀS 10H00
NA SALA DOS ESTUDANTES DA FDUSP
(LARGO SÃO FRANCISCO, PRÓXIMO À PRAÇA DA SÉ)

DIVULGUE! COMPAREÇA!

e também:
19h, Pátio da Cruz na PUC-SP Universidade e criminalização dos movimentos sociais
- MST
- MTST
- Metroviários
- Incra
- Volkswagem
- Cosipa*
- Ocupação da USP
- Lúcio Flávio de Almeida*
*a confirmar

CONFIRA AS 18 REIVINDICAÇÕES DA
JORNADA NACIONAL EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA:
http://www.mst. org.br/mst/ pagina.php? cd=4047 http://www.apropucsp.org.br/jornadaeducacao.htm



José Erasmo Serra Dias e a violência do Estado


Hamilton Octavio de Souza
23.08.2007

Há 30 anos a tropa de choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo, comandada pelo coronel Erasmo Dias, foi usada para invadir o campus da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e reprimir um congresso do movimento estudantil dedicado à reorganização da União Nacional dos Estudantes (UNE). O ato de truculência foi repudiado pela comunidade acadêmica e pela sociedade. Até hoje a invasão da PUC é lembrada como uma violação à autonomia universitária e aos direitos democráticos.

Na madrugada da última quarta-feira, dia 22 de agosto, a tropa de choque da Polícia Militar do Estado de São Paulo, sob as ordens do governador José Serra, do PSDB, invadiu o campus da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, no centro de São Paulo, para reprimir e prender centenas de estudantes e militantes de movimentos sociais que realizaram uma ocupação simbólica, pacífica e apoiada internamente, do pátio da faculdade. A manifestação fazia parte da Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública, organizada por diretórios acadêmicos, DCEs, UNE, Andes, Conlute, Coordenação dos Movimentos Sociais, Intersindical, CPT, MST e mais algumas dezenas de entidades estudantis e movimentos sociais.

A Jornada da Educação procurou resgatar, em atos realizados em vários estados, a dívida secular do Brasil com a erradicação do analfabetismo, o acesso da classe trabalhadora à educação pública de qualidade, a ampliação do investimento público no setor, a gestão democrática das instituições de ensino, a defesa da autonomia universitária e tantas outras reivindicações fundamentais para o povo brasileiro. A Jornada da Educação procurou expressar uma demanda histórica da sociedade através de ações (debates, passeatas, atos públicos e ocupações simbólicas) perfeitamente legítimas no Estado Democrático de Direito. A Jornada da Educação procurou recolocar na ordem do dia uma prioridade que está sendo esquecida pelas autoridades, pelas classes dominantes e pelos meios de comunicação.

O que não faz sentido é o governo do Estado utilizar o aparato policial de São Paulo, que tem por finalidade garantir a segurança da população, para reprimir os movimentos sociais e impedir o direito de manifestação – como já ocorreu recentemente com trabalhadores desempregados, metroviários, sem teto, sem terra e estudantes. O que não faz sentido é a Polícia Militar ser dirigida para passar por cima da Constituição e das leis em desrespeito à autonomia universitária, invadir o campus e prender manifestantes que em nenhum momento ameaçaram a segurança pública – mesmo que a violação tenha sido instigada pelo diretor da Faculdade de Direito, pelo Secretário da Segurança Pública ou pelo governador do Estado.

Do ponto de vista da violação dos direitos constitucionais dos cidadãos, a invasão da Faculdade de Direito da USP, em 2007, está no mesmo patamar da invasão da PUC em 1977, embora as autoridades sejam outras e os discursos e os métodos empregados sejam distintos na truculência. O que devemos nos perguntar é o que mudou no espaço de 30 anos: a ótica do Estado se alterou em relação aos movimentos sociais? O que causa mais dano à construção da democracia no Brasil, a ocupação simbólica da São Francisco por 24 horas ou a invasão do campus universitário pela PM e a repressão às manifestações públicas?

Tudo indica que estamos diante de um simulacro de democracia: a diferença é que anos atrás uma boa parte da sociedade ficava indignada contra a truculência do Estado; agora, muita gente está anestesiada, acomodada e indiferente. Perdemos na nossa humanidade e na nossa consciência política.

Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP.

domingo, 19 de agosto de 2007

Em discussão: A Vale é Nossa

Na semana da pátria ocorrerá por todo o país o Plebiscito Popular que consultará a população sobre quatro assuntos: a privatização da Cia. Vale do Rio Doce (CVRD), a dívida externa, energia e a reforma da previdência. O nosso próximo grupo de discussão (GD) vem pra discutir um desses pontos: a campanha pela nulidade da leilão da Cia Vale do Rio Doce.

O leilão de privatização da CVRD, feito em 97, é considerado fraudulento e repleto de irregularidades: questiona-se o valor pelo a empresa foi vendida ( estipula-se um valor 28 vezes menor do que o real) até inconstitucionalidades no leilão. Há, atualmente, 107 ações populares, mandatos de segurança e ações civis públicas questionando o leilão. Além disso uma pesquisa revelou que 50,3% dos entrevistados são favoráveis à reestatização da CVRD e apenas 28,2% se mostraram contrários à medida - vale registrar a ironia: a pesquisa foi encomendada pelo DEM (ex-PFL).

Os textos de base para a discussão são Pela Reestatização da CVRD por Frei Gilvander Luís Moreira, A reestatização da Vale do Rio Doce por Hamilton Octavio de Souza além de alguns capítulos da cartilha A Vale é nossa.

Para saber mais: www.avaleenossa.org.br


O GD será na sala do CAVH (6º andar) às 13h e às 17h - terça feira (21/08).

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

REUNIAO ABERTA DO CAVH - amanhã às 11:30

Amanhã (quinta feira), 11:30 no CA.
Pauta:
Plebiscito das 4 perguntas/Vale
Rifa
Atividades pré dia 5 de outubro
Semana de Jornalismo
Próximos Cinecavh e Grupos de Discussão
Finanças
Abaixo assinado
Seminário Jornalismo e Ref. Agrária
E tudo mais.
QUEM PUDER COMPAREÇA. Vamos discutir tbm um horário melhor pras reuniões.

sábado, 4 de agosto de 2007

Em discussão: Movimento Estudantil

A gestão Mal Educados dará início nessa semana aos grupos de discussão. Quinzenalmente nos reuniremos para discutir algum tema pré estabelecido a partir de textos sugeridos e, eventualmente, com convidados. O intuito dos GDs (grupos de discussão) é debater entre estudantes sobre diversos temas sem que haja a necessidade de organizar uma palestra ou seminário. A escolha de temas, textos e convidados é aberta a todos.

O primeiro tema será Movimento Estudantil e os textos de apoio são: Da miséria do meio estudantil dos Situacionistas e Um novo "maio de 68" no campus da USP? do Henrique Carneiro.

O GD será na sala do CAVH (6º andar) às 13h - terça feira (07/08).


quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Café Filosófico discute Direitos autorais

Na próxima quinta feira (09/08) acontece mais uma edição do Café Filosófico, iniciativa da Faculdade Cásper Líbero realizada pela Cásper Jr., será das 13h às 14:30 no Parque do Trianon.

A cada mês é abordado um tema diferente e nessa edição será discutida a questão dos direitos autorais - copyleft e copyright.

Café Filosófico
Dia 09 de agosto das 13h às 14:30
Local: Parque do Trianon

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Seminário: Comunicação e Socialismo

Seminário Regional da Enecos (Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicacao):
“Comunicação e Socialismo”

Sábado (30/06)

Manhã (10h às 13h) - Introdução ao marxismo
Convidado: Vito Letizia* (professor de economia da PUC-SP)
Textos indicados: Introdução à lógica marxista, de George Novack; Compêndio de “O Capital”, de Carlo Cafiero.

Tarde (das 14h às 17h) – Teoria marxista de Estado
Textos indicados: Teoria Marxista de Estado, de Ernest Mandel.

Tarde (das 17h às 19h) – A centralidade do trabalho
Textos indicados: A classe trabalhadora e a centralidade contemporânea do trabalho, de Ricardo Antunes; Entrevista com Virgínia Fontes.

Domingo (01/07)

Manhã (10h às 13h) – Gramsci, hegemonia e comunicação
Textos indicados: Imaginário Social e hegemonia cultural, de Denis de Moraes.

Tarde (das 14h às 17h) – Frankfurt e indústria cultural
Textos indicados: Résumé sobre indústria cultural, de Theodor Adorno.

Tarde (das 17h às 19h) – Histórico dos meios de comunicação e as perspectivas de democratização da comunicação hoje
Textos indicados: Produção e transmissão de conhecimento:
o poder no século XXI, de Gustavo Gindre; O grande partido de direita, de José Arbex Jr.

Provável local: Sede do Sinsprev/SP. Rua Senador Felício dos Santos, 404 – Aclimação, perto do metrô Vergueiro.

*a confirmar

Mais informações com:Bunny (Unesp) -fegafa@gmail.com - 92780211
Pedrão (PUC) - pedrao_nogueira@yahoo.com.br - 95620441
Sue (USP) – sueiamamoto@yahoo.com - 83065472

Se alguém quiser receber os textos, mande um e-mail para ca_casper@yahoo.com.br

quinta-feira, 24 de maio de 2007

MAL EDUCADOS ELEITOS!

Resultados da apuração:

total - 423 votos

Mal Educados - 387

Brancos - 35

Nulos - 7 (sendo 1 pro Mussum)

Portanto, com 91,5% dos votos, a chapa Mal Educados está eleita para a gestão 2007/08 do Centro Acadêmico Vladimir Herzog.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Eleições : é agora!

Hoje e amanhã, terça e quarta feira, acontecem as eleições para o Centro Acadêmico Vladimir Herzog, a votação é das 8h até o meio dia e das 18:30 até as 22:30.
Quem são os concorrentes? Os Mal Educados e....mais ninguém.
Isso quer dizer que estamos eleitos? Sim, estamos eleitos. Mas nem por isso nos omitimos do debate, nem por isso deixamos de fazer campanha, encher a Cásper de cartazes, fazer panfletagem e nos colocarmos abertos a dúvidas, críticas e contribuições.
Ser votado significa ser legitimizado. Quanto mais votos mais representatividade, maior participação dos alunos. Mais voz frente à Direção.
Nesse momento pedimos seu voto. Daqui pra frente precisamos mais que isso: opiniões, reclamações, contribuições e discordância. Queremos gente ativa, com opinião mesmo que seja contrária à nossa.
Todos nós somos Mal Educados, todos nós temos que brigar por um ensino que supere às nossas expectativas, nos forme como indíviduos pensantes e não reprodutores.

domingo, 20 de maio de 2007

aspas bem educadas - o CA como instrumento político sim

A seguinte citação, retirada de um artigo de Sérgio Lessa, pode servir de exemplo para que seja frisada a importância do Centro Acadêmico como insturmento de se fazer política, em todas esferas de atuação que ele tem ou pode ter. Discutir sociedade e educação é tão político quanto discutir o monopólio Monet, os abusos do Xerox e a proibição da entrada de acompanhante de aluno na portaria - tudo isso é decisivo no destino de nossa comunidade casperiana.
"Luckács incicia assinalando que política é uma práxis ideológica que se caracteriza pela sua 'univeralidade' : 'Não pode haver nenhuma comunidade humana, por menor e primitiva, na qual e a propósito da qual não surjam continuamente questões que nós estamos acostumados a denominar, num nível mais evoluído, de políticas'. Citando Gottfried Keller, para quem 'tudo é política', afirma Luckács que 'é difícil até imaginar um tipo de práxis social que, em determinadas circunstâncias, não possa se transformar em uma questão importante para a comunidade como um todo, talvez até mesmo decisiva para o seu destino".

sábado, 19 de maio de 2007

Cásper comemora 60 anos escorregando

Por trás de um cartaz tem sempre um fundo de verdade

Hoje (17/05) foi aniversário de sessenta anos da Cásper Líbero. Você não sabia? É, nem nós. Pra comemorar essa data “robusta” a Direção soltou um comunicado (perceberam como mudaram os comunicados depois que o Wellington assumiu a Vice Diretoria? Quando só Tereza acumulava as funções uma linha por ano era surpresa...) dizendo que “não queremos ser o velho cujo corpo foi palco de uma mocidade criadora, e hoje nada é. Queremos sim, continuar sendo”. Tá certo que velhice jamais foi sinal de estagnação ou acomodação (vejam os exemplos de Oscar Niemeyer, Tom Zé, Aziz Ab’Sáber, Plínio de Arruda, Manoel de Oliveira, etc etc), mas deixemos de lado o texto, pois o pior estava por vir.

No canto superior direito das lousas, em todas as salas, havia um cartaz branco. Nele estava escrito algo como “hoje é aniversário de 60 anos da Faculdade. Mas não adianta se animar, você vai ter aula do mesmo jeito”! Sim, estava escrito isso. E não, não foi o CA, não foi a chapa Mal Educados, não foi algum aluno brincalhão quem escreveu. Foi a própria Direção!

Numa tacada só o cartaz mostra a visão que a Direção da Faculdade tem dos alunos, dos professores, das aulas, do modelo de ensino que ela oferece (e comemora). Os alunos, um bando de desinteressados, querem tudo menos ver aulas. Para eles um feriado é um alívio, a aula um sofrimento. Os professores então não poderiam sofrer maior desrespeito: suas aulas são um fardo, motivo para “se animar” é saber que elas não vão acontecer. Conclui-se que o ensino não se dá na Faculdade, na sala de aula. Aprender se aprende nos estágios, no mercado de trabalho. Os quatros anos passados aqui servem apenas para a obtenção de um diploma de grife.

“Queremos continuar a projetar o futuro”, dizia o comunicado. Que o ideal da atual Direção sempre foi buscar um futuro não com estudantes mas sim com clientes, sem debates de opinião, sem participação da comunidade acadêmica na gestão da Faculdade, todos sabem, isso ficou mais do que claro nas últimas eleições, nas quais Tereza foi reeleita sem jamais apresentar uma só proposta. Agora o que surpreende é vislumbrar que a concepção educacional de Tereza vai mais além do que uma gestão truculenta e antidemocrática, fica claro que o que ela realmente afirma com essa “homenagem” é que a Cásper Líbero é de fato apenas uma vendedora de diplomas a prestações, que de fato não valoriza o conhecimento que se produz e se difunde nas salas de aula através da interação professor/aluno, que o ínfimo incentivo à pesquisa e a inexistência de extensão não são meros acasos, estas são apenas mercadorias mais difíceis de vender.

Em época de campanha eleitoral para o Centro Acadêmico, a Direção não poderia inventar melhor argumento para justificar o Mal Educados que batiza nossa nova chapa do que esses cartazes que expõem de maneira tão clara e objetiva o modo como aqui se encara a educação. Poderia, talvez, tê-lo feito de forma menos mal educada...

Aspas bem educadas

"Nunca é demasiado sublinhar a importância estratégica da concepção mais ampla de educação, expressa na frase: "a aprendizagem é a nossa própria vida". Pois muito do nosso processo continuado de aprendizagem se situa, felizmente, fora das instituições educacionais formais. Felizmente, porque esses processos não podem ser prontamente manipulados e controlados pela estrutura educacional formal legalmente salvaguardada e sancionada. Eles comportam tudo, desde o brotar das nossas respostas críticas relativamente aos ambientes materiais mais ou menos desprovidos na nossa infância, assim como o nosso primeiro encontro com poesia e a arte, até às nossas diversas experiências de trabalho, sujeitas a um escrutínio equilibrado por nós próprios e pelas pessoas com quem as partilhamos, e, claro, até ao nosso envolvimento de muitas maneiras diferentes em conflitos e confrontos durante a nossa vida, incluindo as disputas morais, políticas e sociais dos nossos dias. Apenas uma pequena parte disto está directamente ligada à educação formal. Contudo eles têm uma enorme importância não só nos nossos anos precoces de formação como durante a nossa vida, quando tanto tem que ser reavaliado e trazido a uma unidade coerente, orgânica e viável sem a qual não poderíamos possuir uma personalidade, mas tombaríamos em peças fragmentárias: não presta, defeituoso mesmo para o serviço de fins sócio-políticos autoritários. O pesadelo em 1984 de Orwell não é realizável precisamente porque a esmagadora maioria das nossas experiências constitutivas permanece – e permanecerá sempre – fora do domínio do controlo e coerção institucional formal. Para ter a certeza, muitas escolas podem causar um grande prejuízo, portanto merecendo totalmente as severas críticas de Martí como "prisões terríveis". Mas mesmo as suas piores redes não podem prevalecer uniformemente. Os jovens podem encontrar alimento intelectual, moral e artístico noutros lados.
(...)
De facto, da maneira como estão as coisas hoje, a principal função da educação formal é agir como um cão de guarda autoritário ex officio para induzir um conformismo generalizado em determinados modos de interiorização, de forma a subordiná-los às exigências da ordem estabelecida. O facto de a educação formal não poder ter êxito na criação de uma conformidade universal não altera o facto de no seu todo estar orientada para aquele fim. Os professores e alunos que se rebelam contra tal desígnio fazem-no com a munição que adquiriram tanto dos seus companheiros rebeldes no interior do domínio formal, e a partir do campo mais amplo da experiência educacional "desde a juventude até à velhice".
Do que necessitamos extremamente, então, é de uma actividade de "contra-interiorização" coerente e sustentada que não se esgote na negação – independente do quão necessária é como uma fase neste empreendimento – mas defina os seus alvos fundamentais como a criação de uma alternativa abrangente positivamente sustentável ao que existe."
Istvan Mészáros (grifos nossos)

Aspas bem educadas

"O objetivo central dos que lutam contra a sociedade mercantil, a alienação e a intolerância é a emancipação humana. A educação, que poderia ser uma alavanca essencial para a mudança, tornou-se instrumento daqueles estigmas da sociedade capitalista:" fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes". Em outras palavras, tornou-se uma peça do processo de acumulação de capital e de estabelecimento de um consenso que torna possível a reprodução do injusto sistema de classes. Em lugar de instrumento da emancipação humana, agora é mecanismo de perpetuação e reprodução desse sistema.
A natureza da educação - como tantas outras coisas essenciais nas sociedades contemporâneas - está vinculada ao destino do trabalho. Um sistema que se apóia na separação entre trabalho e capital, que requer a disponibilidade de uma enorme massa de força de trabalho sem acesso a meios para sua realização, necessita, ao mesmo tempo, socializar os valores que permitem sua reprodução. Se no pré-capitalismo a desigualdade era explícita e assumida como tal, no capitalismo - a sociedade mais desigual de toda a história -, para que se aceite que "todos são iguais diante da lei", se faz necessário um sistema ideológico que proclame e inculque cotidianamente esses valores na mente das pessoas.
No reino do capital, a educação é, ela mesma, uma mercadoria. Daí a crise do sistema público de ensino, pressionado pelas demandas do capital e pelo esmagamento dos cortes de recursos dos orçamentos públicos. Talvez nada exemplifique melhor o universo instaurado pelo neoliberalismo, em que "tudo se vende, tudo se compra", do que a mercantilização da educação. Uma sociedade que impede a emancipação só pode transformar os espaços educacionais em shoppings centers, funcionais à sua lógica do consumo e do lucro.
O enfraquecimento da educação pública, paralelo ao crescimento do sistema privado, deu-se ao mesmo tempo em que a socialização se deslocou da escola para a mídia, a publicidade e o consumo. Aprende-se a todo momento, mas o que se aprende depende de onde e de como se faz esse aprendizado. Garcia Marquez diz que aos sete anos teve de parar sua educação para ir à escola. Saiu da vida para entrar na escola (...)"
Emir Sader (grifos nossos)

domingo, 13 de maio de 2007

O que somos ? Mal Educados.

Mal Educados é mais que o nome de uma chapa, mais que um grupo de estudantes decididos a questionar como funcionam as coisas na Cásper Líbero, a levantar problemas e propor debates que levantem soluções construídas coletivamente. Mal Educados é uma definição do que somos, uma condição, é a consciência de algo não vai bem: nossa educação.

Obviamente os problemas na educação não são um privilégio da Cásper, mas temos que começar buscando melhorar o local onde estamos. Na Cásper somos mal educados nas três pernas que formam o tripé da educação superior: ensino, pesquisa e extensão. O ensino é deficiente, há aulas fracas, há descaso pela opinião dos estudantes, não há comunicação entre disciplinas e professores. A pesquisa é ínfima, dá pra contar nos dedos quantos alunos são contemplados, e mesmo estes recebem pouquíssimo incentivo – e bolsas muito baixas. A extensão – que é a forma como a faculdade se insere na comunidade a seu redor – não existe. A Faculdade na verdade é refém do prédio da Fundação, uma ilha vertical onde só entra quem paga. Não há relação com a comunidade, não há troca de experiências: o que se aprende aqui fica aqui. O mundo lá fora? Só um detalhe...

Somos mal educados por uma direção que não dá as caras, que não se importa com o que pensam os estudantes e professores, que se submete voluntariamente a uma Fundação inatingível e obscura, só preocupada em manter suas nebulosas contas em ordem. No fim, nossa má educação é só uma boa mercadoria para eles venderem. Mensalidade subindo todo ano acima da inflação é só um dos sintomas dessa mentalidade que elitiza cada vez mais o perfil dos alunos da Cásper.

Somos mal educados por uma burocracia irritante, por equipamentos insuficientes e carentes de manutenção constante, pelo monopólio de um restaurante caríssimo e de qualidade questionável, por serviços de xerox e impressão que são um teste de paciência, por uma arquitetura que quase impossibilita a interação e o lazer (e os estudos, quando ta calor), pela “catracalização” do espaço acadêmico, onde todo mundo é culpado até que se prove o contrário, onde tudo é filmado e vigiado, onde nem amigo de estudante pode entrar.

Má educação é a que não nos faz pensar, que é pensada e implementada exclusivamente no sentido não de formar cabeças criticamente pensantes mas sim mão de obra reprodutora. Queremos ter empregos sim, mas cabe a nós, Mal Educados, questionar se é só isso, se é possível uma educação que ignore a sociedade a sua volta, se os quatro anos que passamos aqui são só uma forma de parcelar o pagamento do diploma que irá nos credenciar para o mercado, se estamos aqui para criar ou para reproduzir, para fazermos parte de um processo de educação ou para sermos simplesmente educados. Mal educados.

Para colocar essas questões em debate, para buscar soluções não apenas que agradem aos estudantes, mas que sejam construídas em conjunto por todos nós, é que a chapa Mal Educados lança sua candidatura. Acreditamos que o Centro Acadêmico é o instrumento que temos para sermos ouvidos, para nos divertir e organizar, para refletir e trocar experiências. Por isso, mais do que um voto, contamos com o seu apoio e participação para transformarmos o que nos incomoda na Cásper, para sermos sujeitos de nossa educação, e não mais apenas clientes mal educados.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Você acha que não tem nada a ver com o Centro Acadêmico? Que tal responder aessa pergunta depois de saber o que a chapa Mal Educados tem pra dizer?
Mal Educados, sim!
Pois a Cásper Líbero cria estudantes mal educados.
Para adquirir qualidade no Ensino Superior, as Instituições devem oferecer uma boa graduação, pesquisa e extensão. Esse seria o tripé da Educação, que proporciona ao aluno não apenas um diploma, mas o desenvolvimento do conhecimento. E foi baseado nisso que nós, Mal Educados, tiramos nossa principal bandeira: a melhoria do ensino da nossa faculdade.
Com uma graduação deficiente, a Cásper se vêem alguns professores picaretas, falta de comunicação entre as disciplinas e muitas aulas enrolonas. A pesquisa é para pouquíssimos e com bolsas pequenas. E a extensão, que seria a maneira como a faculdade interage com a comunidade a seu redor, sequer existe.
Somos Mal Educados também no espaço físico. O xerox não consegue absorver as necessidades de todos os alunos, os laboratórios muito menos. Além disso, não há espaço de convivência, e o restaurante tem preços executivos.
Vamos criar espaços em que os cursos possam interagir. Educar através de debates e discussões, trazer exposições e movimentar a vida cultural casperiana. Agora é escolher entre o velho e batido “ninguém faz nada” ou tomar uma atitude, mesmo que mal educada.