segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

polaroid da política interna na cásper

Para se entender a atual conjuntura política da Cásper é necessário voltar um pouco no tempo. A nossa atual Diretora, Tereza Vitalli (TV), era vice de Erasmo Nuzzi, titular da cadeira de taquigrafia (!) e diretor por séculos (com um pequeno intervalo), que só largou o osso por não ter mais saúde pra sustentar seu autoritarismo. TV assumiu, e depois foi reeleita em 2006 como candidata única, numa eleição em que não apresentou NENHUMA proposta nem debateu com os professores que inexplicavelmente nela votaram, nem com os poucos representantes dos estudantes que participam da votação.

Foi Erasmo quem criou, sem consultar ninguém, o curso de Turismo, com intenção de viabilizar a Unicásper (outros vários cursos estavam sendo pensados, sabe-se Deus onde caberiam). Tereza é cria de Nuzzi, tem suas mesmas concepções de educação como mercadoria, onde não há espaço para as necessidades dos estudantes se estas significarem democracia ou diminuição nos lucros da Faculdade. Já se retirou de reuniões batendo o pé por ser contrariada e durante a greve de professores e alunos em 2003 admitiu ter mentido só para ganhar tempo.

A Cásper tem alguns órgãos onde teoricamente se decidiria os rumos da Faculdade: o CTA (Conselho Técnico–Administrativo) e a Congregação. Teoricamente, pois na prática quem decide tudo é a Fundação Cásper Líbero, mantenedora supostamente sem fins lucrativos que acaba de investir VINTE MILHÕES DE DÓLARES na TV Digital da Gazeta. Questiona-se se parte dessa grana vem do BNDES, Bando de Nego Do Ensino Superior, mas isso não se pode saber, já que jamais foram apresentadas em separado as contas da Faculdade e da Fundação pra que saibamos quem sustenta quem.


Pois bem, assim funcionam as decisões na Cásper: a Fundação quer aumentos de mensalidade sempre acima da inflação, que elitizam o perfil dos estudantes e diminuem a relação candidato/vaga – pronto, não tem conversa. A Fundação quer mais alunos por sala, não importa se há espaço físico na Faculdade (e não há!), CTA aprova. Fundação quer um espaço no sexto andar para colocar seu telemarketing, pronto, é seu, adeus lanchonete.


Em nenhum momento as instâncias de decisão da Faculdade têm algum poder de decisão. Isso sem falar que nelas o número de representantes dos estudantes e funcionários é ínfima e suas decisões têm que ser aprovadas pela mantenedora – por exemplo: apesar de haver votação para eleger o Diretor e os Coordenadores, quem escolhe quem ocupará os cargos são a Fundação. Ou seja, mesmo que elas funcionassem não seriam democráticas, muito menos legítimas.


Dentro desse quadro um pouco desanimador, acreditamos que há saídas que não trancar a matrícula ou esperar de cabeça baixa a chegada do diploma pago em 48 vezes com muitos juros. Não há Cásper sem os casperianos, a Faculdade não tem estudantes, ela é dos estudantes. Cabe a nós tomarmos em nossas mãos os rumos da Faculdade e mudar o que nos incomoda, sermos sujeitos de nossas próprias vidas. O Centro Acadêmico está aí não para mostrar caminhos nem dizer o que fazer, ele existe como instrumento para que nos organizemos e, juntos, busquemos que se concretize uma Faculdade onde se formem comunicadores e não comunicados, onde não sejamos só clientes e sim cientes do que acontece ao nosso redor, onde deixemos de estar atados aos problemas para atuarmos de fato sobre eles.


Nada é impossível de Mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar. (BERTOL BRECHT)

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