quinta-feira, 24 de maio de 2007

MAL EDUCADOS ELEITOS!

Resultados da apuração:

total - 423 votos

Mal Educados - 387

Brancos - 35

Nulos - 7 (sendo 1 pro Mussum)

Portanto, com 91,5% dos votos, a chapa Mal Educados está eleita para a gestão 2007/08 do Centro Acadêmico Vladimir Herzog.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Eleições : é agora!

Hoje e amanhã, terça e quarta feira, acontecem as eleições para o Centro Acadêmico Vladimir Herzog, a votação é das 8h até o meio dia e das 18:30 até as 22:30.
Quem são os concorrentes? Os Mal Educados e....mais ninguém.
Isso quer dizer que estamos eleitos? Sim, estamos eleitos. Mas nem por isso nos omitimos do debate, nem por isso deixamos de fazer campanha, encher a Cásper de cartazes, fazer panfletagem e nos colocarmos abertos a dúvidas, críticas e contribuições.
Ser votado significa ser legitimizado. Quanto mais votos mais representatividade, maior participação dos alunos. Mais voz frente à Direção.
Nesse momento pedimos seu voto. Daqui pra frente precisamos mais que isso: opiniões, reclamações, contribuições e discordância. Queremos gente ativa, com opinião mesmo que seja contrária à nossa.
Todos nós somos Mal Educados, todos nós temos que brigar por um ensino que supere às nossas expectativas, nos forme como indíviduos pensantes e não reprodutores.

domingo, 20 de maio de 2007

aspas bem educadas - o CA como instrumento político sim

A seguinte citação, retirada de um artigo de Sérgio Lessa, pode servir de exemplo para que seja frisada a importância do Centro Acadêmico como insturmento de se fazer política, em todas esferas de atuação que ele tem ou pode ter. Discutir sociedade e educação é tão político quanto discutir o monopólio Monet, os abusos do Xerox e a proibição da entrada de acompanhante de aluno na portaria - tudo isso é decisivo no destino de nossa comunidade casperiana.
"Luckács incicia assinalando que política é uma práxis ideológica que se caracteriza pela sua 'univeralidade' : 'Não pode haver nenhuma comunidade humana, por menor e primitiva, na qual e a propósito da qual não surjam continuamente questões que nós estamos acostumados a denominar, num nível mais evoluído, de políticas'. Citando Gottfried Keller, para quem 'tudo é política', afirma Luckács que 'é difícil até imaginar um tipo de práxis social que, em determinadas circunstâncias, não possa se transformar em uma questão importante para a comunidade como um todo, talvez até mesmo decisiva para o seu destino".

sábado, 19 de maio de 2007

Cásper comemora 60 anos escorregando

Por trás de um cartaz tem sempre um fundo de verdade

Hoje (17/05) foi aniversário de sessenta anos da Cásper Líbero. Você não sabia? É, nem nós. Pra comemorar essa data “robusta” a Direção soltou um comunicado (perceberam como mudaram os comunicados depois que o Wellington assumiu a Vice Diretoria? Quando só Tereza acumulava as funções uma linha por ano era surpresa...) dizendo que “não queremos ser o velho cujo corpo foi palco de uma mocidade criadora, e hoje nada é. Queremos sim, continuar sendo”. Tá certo que velhice jamais foi sinal de estagnação ou acomodação (vejam os exemplos de Oscar Niemeyer, Tom Zé, Aziz Ab’Sáber, Plínio de Arruda, Manoel de Oliveira, etc etc), mas deixemos de lado o texto, pois o pior estava por vir.

No canto superior direito das lousas, em todas as salas, havia um cartaz branco. Nele estava escrito algo como “hoje é aniversário de 60 anos da Faculdade. Mas não adianta se animar, você vai ter aula do mesmo jeito”! Sim, estava escrito isso. E não, não foi o CA, não foi a chapa Mal Educados, não foi algum aluno brincalhão quem escreveu. Foi a própria Direção!

Numa tacada só o cartaz mostra a visão que a Direção da Faculdade tem dos alunos, dos professores, das aulas, do modelo de ensino que ela oferece (e comemora). Os alunos, um bando de desinteressados, querem tudo menos ver aulas. Para eles um feriado é um alívio, a aula um sofrimento. Os professores então não poderiam sofrer maior desrespeito: suas aulas são um fardo, motivo para “se animar” é saber que elas não vão acontecer. Conclui-se que o ensino não se dá na Faculdade, na sala de aula. Aprender se aprende nos estágios, no mercado de trabalho. Os quatros anos passados aqui servem apenas para a obtenção de um diploma de grife.

“Queremos continuar a projetar o futuro”, dizia o comunicado. Que o ideal da atual Direção sempre foi buscar um futuro não com estudantes mas sim com clientes, sem debates de opinião, sem participação da comunidade acadêmica na gestão da Faculdade, todos sabem, isso ficou mais do que claro nas últimas eleições, nas quais Tereza foi reeleita sem jamais apresentar uma só proposta. Agora o que surpreende é vislumbrar que a concepção educacional de Tereza vai mais além do que uma gestão truculenta e antidemocrática, fica claro que o que ela realmente afirma com essa “homenagem” é que a Cásper Líbero é de fato apenas uma vendedora de diplomas a prestações, que de fato não valoriza o conhecimento que se produz e se difunde nas salas de aula através da interação professor/aluno, que o ínfimo incentivo à pesquisa e a inexistência de extensão não são meros acasos, estas são apenas mercadorias mais difíceis de vender.

Em época de campanha eleitoral para o Centro Acadêmico, a Direção não poderia inventar melhor argumento para justificar o Mal Educados que batiza nossa nova chapa do que esses cartazes que expõem de maneira tão clara e objetiva o modo como aqui se encara a educação. Poderia, talvez, tê-lo feito de forma menos mal educada...

Aspas bem educadas

"Nunca é demasiado sublinhar a importância estratégica da concepção mais ampla de educação, expressa na frase: "a aprendizagem é a nossa própria vida". Pois muito do nosso processo continuado de aprendizagem se situa, felizmente, fora das instituições educacionais formais. Felizmente, porque esses processos não podem ser prontamente manipulados e controlados pela estrutura educacional formal legalmente salvaguardada e sancionada. Eles comportam tudo, desde o brotar das nossas respostas críticas relativamente aos ambientes materiais mais ou menos desprovidos na nossa infância, assim como o nosso primeiro encontro com poesia e a arte, até às nossas diversas experiências de trabalho, sujeitas a um escrutínio equilibrado por nós próprios e pelas pessoas com quem as partilhamos, e, claro, até ao nosso envolvimento de muitas maneiras diferentes em conflitos e confrontos durante a nossa vida, incluindo as disputas morais, políticas e sociais dos nossos dias. Apenas uma pequena parte disto está directamente ligada à educação formal. Contudo eles têm uma enorme importância não só nos nossos anos precoces de formação como durante a nossa vida, quando tanto tem que ser reavaliado e trazido a uma unidade coerente, orgânica e viável sem a qual não poderíamos possuir uma personalidade, mas tombaríamos em peças fragmentárias: não presta, defeituoso mesmo para o serviço de fins sócio-políticos autoritários. O pesadelo em 1984 de Orwell não é realizável precisamente porque a esmagadora maioria das nossas experiências constitutivas permanece – e permanecerá sempre – fora do domínio do controlo e coerção institucional formal. Para ter a certeza, muitas escolas podem causar um grande prejuízo, portanto merecendo totalmente as severas críticas de Martí como "prisões terríveis". Mas mesmo as suas piores redes não podem prevalecer uniformemente. Os jovens podem encontrar alimento intelectual, moral e artístico noutros lados.
(...)
De facto, da maneira como estão as coisas hoje, a principal função da educação formal é agir como um cão de guarda autoritário ex officio para induzir um conformismo generalizado em determinados modos de interiorização, de forma a subordiná-los às exigências da ordem estabelecida. O facto de a educação formal não poder ter êxito na criação de uma conformidade universal não altera o facto de no seu todo estar orientada para aquele fim. Os professores e alunos que se rebelam contra tal desígnio fazem-no com a munição que adquiriram tanto dos seus companheiros rebeldes no interior do domínio formal, e a partir do campo mais amplo da experiência educacional "desde a juventude até à velhice".
Do que necessitamos extremamente, então, é de uma actividade de "contra-interiorização" coerente e sustentada que não se esgote na negação – independente do quão necessária é como uma fase neste empreendimento – mas defina os seus alvos fundamentais como a criação de uma alternativa abrangente positivamente sustentável ao que existe."
Istvan Mészáros (grifos nossos)

Aspas bem educadas

"O objetivo central dos que lutam contra a sociedade mercantil, a alienação e a intolerância é a emancipação humana. A educação, que poderia ser uma alavanca essencial para a mudança, tornou-se instrumento daqueles estigmas da sociedade capitalista:" fornecer os conhecimentos e o pessoal necessário à maquinaria produtiva em expansão do sistema capitalista, mas também gerar e transmitir um quadro de valores que legitima os interesses dominantes". Em outras palavras, tornou-se uma peça do processo de acumulação de capital e de estabelecimento de um consenso que torna possível a reprodução do injusto sistema de classes. Em lugar de instrumento da emancipação humana, agora é mecanismo de perpetuação e reprodução desse sistema.
A natureza da educação - como tantas outras coisas essenciais nas sociedades contemporâneas - está vinculada ao destino do trabalho. Um sistema que se apóia na separação entre trabalho e capital, que requer a disponibilidade de uma enorme massa de força de trabalho sem acesso a meios para sua realização, necessita, ao mesmo tempo, socializar os valores que permitem sua reprodução. Se no pré-capitalismo a desigualdade era explícita e assumida como tal, no capitalismo - a sociedade mais desigual de toda a história -, para que se aceite que "todos são iguais diante da lei", se faz necessário um sistema ideológico que proclame e inculque cotidianamente esses valores na mente das pessoas.
No reino do capital, a educação é, ela mesma, uma mercadoria. Daí a crise do sistema público de ensino, pressionado pelas demandas do capital e pelo esmagamento dos cortes de recursos dos orçamentos públicos. Talvez nada exemplifique melhor o universo instaurado pelo neoliberalismo, em que "tudo se vende, tudo se compra", do que a mercantilização da educação. Uma sociedade que impede a emancipação só pode transformar os espaços educacionais em shoppings centers, funcionais à sua lógica do consumo e do lucro.
O enfraquecimento da educação pública, paralelo ao crescimento do sistema privado, deu-se ao mesmo tempo em que a socialização se deslocou da escola para a mídia, a publicidade e o consumo. Aprende-se a todo momento, mas o que se aprende depende de onde e de como se faz esse aprendizado. Garcia Marquez diz que aos sete anos teve de parar sua educação para ir à escola. Saiu da vida para entrar na escola (...)"
Emir Sader (grifos nossos)

domingo, 13 de maio de 2007

O que somos ? Mal Educados.

Mal Educados é mais que o nome de uma chapa, mais que um grupo de estudantes decididos a questionar como funcionam as coisas na Cásper Líbero, a levantar problemas e propor debates que levantem soluções construídas coletivamente. Mal Educados é uma definição do que somos, uma condição, é a consciência de algo não vai bem: nossa educação.

Obviamente os problemas na educação não são um privilégio da Cásper, mas temos que começar buscando melhorar o local onde estamos. Na Cásper somos mal educados nas três pernas que formam o tripé da educação superior: ensino, pesquisa e extensão. O ensino é deficiente, há aulas fracas, há descaso pela opinião dos estudantes, não há comunicação entre disciplinas e professores. A pesquisa é ínfima, dá pra contar nos dedos quantos alunos são contemplados, e mesmo estes recebem pouquíssimo incentivo – e bolsas muito baixas. A extensão – que é a forma como a faculdade se insere na comunidade a seu redor – não existe. A Faculdade na verdade é refém do prédio da Fundação, uma ilha vertical onde só entra quem paga. Não há relação com a comunidade, não há troca de experiências: o que se aprende aqui fica aqui. O mundo lá fora? Só um detalhe...

Somos mal educados por uma direção que não dá as caras, que não se importa com o que pensam os estudantes e professores, que se submete voluntariamente a uma Fundação inatingível e obscura, só preocupada em manter suas nebulosas contas em ordem. No fim, nossa má educação é só uma boa mercadoria para eles venderem. Mensalidade subindo todo ano acima da inflação é só um dos sintomas dessa mentalidade que elitiza cada vez mais o perfil dos alunos da Cásper.

Somos mal educados por uma burocracia irritante, por equipamentos insuficientes e carentes de manutenção constante, pelo monopólio de um restaurante caríssimo e de qualidade questionável, por serviços de xerox e impressão que são um teste de paciência, por uma arquitetura que quase impossibilita a interação e o lazer (e os estudos, quando ta calor), pela “catracalização” do espaço acadêmico, onde todo mundo é culpado até que se prove o contrário, onde tudo é filmado e vigiado, onde nem amigo de estudante pode entrar.

Má educação é a que não nos faz pensar, que é pensada e implementada exclusivamente no sentido não de formar cabeças criticamente pensantes mas sim mão de obra reprodutora. Queremos ter empregos sim, mas cabe a nós, Mal Educados, questionar se é só isso, se é possível uma educação que ignore a sociedade a sua volta, se os quatro anos que passamos aqui são só uma forma de parcelar o pagamento do diploma que irá nos credenciar para o mercado, se estamos aqui para criar ou para reproduzir, para fazermos parte de um processo de educação ou para sermos simplesmente educados. Mal educados.

Para colocar essas questões em debate, para buscar soluções não apenas que agradem aos estudantes, mas que sejam construídas em conjunto por todos nós, é que a chapa Mal Educados lança sua candidatura. Acreditamos que o Centro Acadêmico é o instrumento que temos para sermos ouvidos, para nos divertir e organizar, para refletir e trocar experiências. Por isso, mais do que um voto, contamos com o seu apoio e participação para transformarmos o que nos incomoda na Cásper, para sermos sujeitos de nossa educação, e não mais apenas clientes mal educados.

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Você acha que não tem nada a ver com o Centro Acadêmico? Que tal responder aessa pergunta depois de saber o que a chapa Mal Educados tem pra dizer?
Mal Educados, sim!
Pois a Cásper Líbero cria estudantes mal educados.
Para adquirir qualidade no Ensino Superior, as Instituições devem oferecer uma boa graduação, pesquisa e extensão. Esse seria o tripé da Educação, que proporciona ao aluno não apenas um diploma, mas o desenvolvimento do conhecimento. E foi baseado nisso que nós, Mal Educados, tiramos nossa principal bandeira: a melhoria do ensino da nossa faculdade.
Com uma graduação deficiente, a Cásper se vêem alguns professores picaretas, falta de comunicação entre as disciplinas e muitas aulas enrolonas. A pesquisa é para pouquíssimos e com bolsas pequenas. E a extensão, que seria a maneira como a faculdade interage com a comunidade a seu redor, sequer existe.
Somos Mal Educados também no espaço físico. O xerox não consegue absorver as necessidades de todos os alunos, os laboratórios muito menos. Além disso, não há espaço de convivência, e o restaurante tem preços executivos.
Vamos criar espaços em que os cursos possam interagir. Educar através de debates e discussões, trazer exposições e movimentar a vida cultural casperiana. Agora é escolher entre o velho e batido “ninguém faz nada” ou tomar uma atitude, mesmo que mal educada.