segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

faculdade - nova forma de ver e sentir o mundo

O período que antecede a ida para o Ensino Superior é marcado por muitas expectativas e sonhos. Alguns a vêem como uma forma de conseguir um diploma e, por conseqüência, um bom emprego, outros como um lugar para se fazer amigos e ainda existem aqueles que pensam que ela é um lugar para se estudar. Muitos são os planos e os objetivos a serem alcançados dentro desse espaço, especialmente para quem passou algum tempo no cursinho.

Depois do ritual de iniciação dos "bixos", é chegado o momento das aulas e ai é também o momento de impacto e reflexão: "Mas isso é tão parecido com o colégio, será que é assim mesmo?". Passado algum tempo a resposta para a dúvida acima é sim, é tudo muito parecido; pelo menos na superfície. A partir do contato com os primeiros textos já é possível se descobrir um novo mundo. Alguns podem ir mais a fundo nessa viagem: depende do quanto se quer ir "à base do coelho". Vivenciar a Faculdade é conquistar uma bagagem de experiências que permitem ver as mesmas coisas de antes com um novo olhar.

Ao contrário do que se pensa isso não se conquista apenas pelo estudo solitário, mergulhado nos livros e buscando acumular informações e frases que possam ser citadas em momentos oportunos. Esse novo mundo é conquistado quando há a troca de informações em vários sentidos e níveis, como leitura dos livros indicados e outros que são pegos ao acaso na biblioteca; conversas com professores, amigos e pessoas de outros cursos, participação em grupos, e, é claro, uma, ou algumas, boas noites no bar.

Adquirir uma visão crítica do meio que o cerca, dos processos sociais e de leis que não estão escritas é uma das conseqüências dessas vivências. Porém isso é uma via de mão única, como a pílula vermelha do filme Matrix. Depois de descobrir alguns motivos que tornam a realidade do jeito que a temos, passa a ser difícil conviver com a passividade – começamos a questionar se, no dia-a-dia, não vale a pena passar a ser também autor de nossa própria história, e não mais apenas um ator que recebe o script já pronto dos pais, da escola, da mídia, do trabalho...

Proposta Indecente –Para aqueles que se interessam por discussões, debates, filmes, histórias, conversas sobre a vida e pela busca de uma nova forma de se fazerem as coisas, o Centro Acadêmico Vladimir Herzog é um lugar interessante. Dê uma passada por lá, no 6º andar, e compartilhe suas idéias com o pessoal da chapa vigente, os Mal Educados

polaroid da política interna na cásper

Para se entender a atual conjuntura política da Cásper é necessário voltar um pouco no tempo. A nossa atual Diretora, Tereza Vitalli (TV), era vice de Erasmo Nuzzi, titular da cadeira de taquigrafia (!) e diretor por séculos (com um pequeno intervalo), que só largou o osso por não ter mais saúde pra sustentar seu autoritarismo. TV assumiu, e depois foi reeleita em 2006 como candidata única, numa eleição em que não apresentou NENHUMA proposta nem debateu com os professores que inexplicavelmente nela votaram, nem com os poucos representantes dos estudantes que participam da votação.

Foi Erasmo quem criou, sem consultar ninguém, o curso de Turismo, com intenção de viabilizar a Unicásper (outros vários cursos estavam sendo pensados, sabe-se Deus onde caberiam). Tereza é cria de Nuzzi, tem suas mesmas concepções de educação como mercadoria, onde não há espaço para as necessidades dos estudantes se estas significarem democracia ou diminuição nos lucros da Faculdade. Já se retirou de reuniões batendo o pé por ser contrariada e durante a greve de professores e alunos em 2003 admitiu ter mentido só para ganhar tempo.

A Cásper tem alguns órgãos onde teoricamente se decidiria os rumos da Faculdade: o CTA (Conselho Técnico–Administrativo) e a Congregação. Teoricamente, pois na prática quem decide tudo é a Fundação Cásper Líbero, mantenedora supostamente sem fins lucrativos que acaba de investir VINTE MILHÕES DE DÓLARES na TV Digital da Gazeta. Questiona-se se parte dessa grana vem do BNDES, Bando de Nego Do Ensino Superior, mas isso não se pode saber, já que jamais foram apresentadas em separado as contas da Faculdade e da Fundação pra que saibamos quem sustenta quem.


Pois bem, assim funcionam as decisões na Cásper: a Fundação quer aumentos de mensalidade sempre acima da inflação, que elitizam o perfil dos estudantes e diminuem a relação candidato/vaga – pronto, não tem conversa. A Fundação quer mais alunos por sala, não importa se há espaço físico na Faculdade (e não há!), CTA aprova. Fundação quer um espaço no sexto andar para colocar seu telemarketing, pronto, é seu, adeus lanchonete.


Em nenhum momento as instâncias de decisão da Faculdade têm algum poder de decisão. Isso sem falar que nelas o número de representantes dos estudantes e funcionários é ínfima e suas decisões têm que ser aprovadas pela mantenedora – por exemplo: apesar de haver votação para eleger o Diretor e os Coordenadores, quem escolhe quem ocupará os cargos são a Fundação. Ou seja, mesmo que elas funcionassem não seriam democráticas, muito menos legítimas.


Dentro desse quadro um pouco desanimador, acreditamos que há saídas que não trancar a matrícula ou esperar de cabeça baixa a chegada do diploma pago em 48 vezes com muitos juros. Não há Cásper sem os casperianos, a Faculdade não tem estudantes, ela é dos estudantes. Cabe a nós tomarmos em nossas mãos os rumos da Faculdade e mudar o que nos incomoda, sermos sujeitos de nossas próprias vidas. O Centro Acadêmico está aí não para mostrar caminhos nem dizer o que fazer, ele existe como instrumento para que nos organizemos e, juntos, busquemos que se concretize uma Faculdade onde se formem comunicadores e não comunicados, onde não sejamos só clientes e sim cientes do que acontece ao nosso redor, onde deixemos de estar atados aos problemas para atuarmos de fato sobre eles.


Nada é impossível de Mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de
hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem
sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural
nada deve parecer impossível de mudar. (BERTOL BRECHT)